A vice-presidente da Argentina e senadora peronista Cristina Fernández de Kirchner teve a sua condenação proferida nesta terça-feira (6/12). A pena estabelecida é de seis anos de prisão pelo crime de fraude e corrupção e determina que a política fique inabilitada de exercer cargos públicos pelo resto da vida. Contudo, ela pode além de recorrer da sentença se manter livre por ter foro privilegiado.
As acusações de corrupção implicam mais 11 réus, desses oito também receberam sentenças entre quatro e seis anos de reclusão. Diante da decisão, Cristina Kirchner afirmou que vai recorrer em liberdade e denuncia suposta “máfia judicial”. A condenação de “administração fraudulenta” se deu por concessão de obras rodoviárias na província de Santa Cruz (Patagônia Austral), seu berço político.
A vice-presidente teria favorecimento, segundo a acusação, Lázaro Báez, considerado próximo de sua família. O empresário também foi sentenciado a seis anos de prisão. “Há três anos, avisamos que a condenação estava escrita. Está claro que a ideia era me condenar”, disse, em vídeo transmitido por suas redes sociais Cristina Kirchner. “É um Estado paralelo e uma máfia. Máfia judicial.”
Enquanto isso, o presidente argentino, Alberto Fernández, defendeu a abertura de um inquérito sobre juízes, promotores e empresários da mídia para a Patagônia argentina. “Fere a democracia ver a promiscuidade antirrepublicana com que se movem alguns empresários, juízes, promotores e funcionários. Até aqui, eles se sentiram impunes. É hora de começarem a prestar contas por suas condutas”, disse.
Esse passeio de luxo, em 13 de outubro, envolveu o uso de um avião particular e hospedagem na casa de campo do milionário britânico Joe Lewis. Um comunicado conjunto difundido pela coalizão governista Frente de Todos qualificou as conversas interceptadas como um escândalo institucional. Ainda, há várias acusações contra o presidente por, supostamente, ter interferido em questões judiciais.
A oposição atacou o presidente por dois motivos: um dos participantes da viagem é o chefe dos assessores da Casa Rosada; e juízes envolvidos no julgamento de Cristina estavam na viagem. O pedido de investigação dos magistrados se baseia em conversas por meio do aplicativo Telegram, nas quais os participantes da viagem combinavam estratégias para impedir sua divulgação e tentavam ocultar a origem do financiamento.
Há o entendimento de que o governo de Fernández vai seguir promovendo iniciativas para reformar a Justiça e remover juízes. Cristina Kirchner, diante dos argentinos mais preocupados com Copa do Mundo que política no momento, têm um terço da população acreditando em sua inocência e o restante da população entendendo que a vice-presidente é sim culpada, sem necessariamente se importarem com provas.
Da redação com informações do processo e julgamento e redes sociais, e imagem redes sociais de Cristina Kirchner