A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), na região dos Campos Gerais, está selecionando 165 voluntários com idade igual ou superior a 18 anos para procedimentos odontológicos de clareamento dental. Os tratamentos serão realizados sem custos para os pacientes, a partir de uma pesquisa desenvolvida no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Odontologia. Os interessados não podem ter feito clareamento anteriormente. A inscrição para triagem deve ser feita exclusivamente pela Internet.
Entre os parâmetros definidos para o estudo, um dos quatro dentes caninos (dentes mais pontiagudos ao lado dos dentes da frente) dos pacientes deve apresentar coloração A2 ou mais escura, conforme a escala de cores Classical Vita – uma classificação universal de cores dentárias, utilizada pelos dentistas para tratamentos odontológicos estéticos. O clareamento dental não é recomendável para mulheres grávidas ou que estejam amamentando.
Os pacientes serão submetidos a duas sessões de clareamento com duração de uma hora cada, com intervalo de sete dias entre uma consulta e outra. A distribuição dos voluntários será aleatória, em três grupos com diferentes protocolos de aplicação de um agente clareador e técnicas de clareamento em consultório das arcadas superior e inferior – duas aplicações por 20 minutos, uma aplicação por 30 minutos e mais uma aplicação por 40 minutos. Finalizado o tratamento, será preciso retornar num intervalo de duas semanas para avaliação.
As consultas serão na Clínica Odontológica da UEPG, nas segundas e terças-feiras, no período da manhã, mediante triagem e agendamento prévio. Em média, esse tipo de procedimento estético dura de dois a três anos, com limpeza a cada seis meses no cirurgião-dentista, para manter o padrão de clareamento.
PESQUISA – Durante os tratamentos, serão implementados protocolos alternativos de tempo na aplicação de um gel clareador específico do mercado. O objetivo é avaliar a eficiência desse produto ao ser aplicado em menos tempo, em relação ao recomendado pelo fabricante, inicialmente. Autor do estudo, o cirurgião-dentista Michael Favoreto vai utilizar os dados obtidos como base da sua tese de doutorado, desenvolvida na linha de pesquisa Dentística Restauradora.
O estudante de pós-graduação explica que a ideia surgiu a partir de uma demanda da própria indústria odontológica brasileira. “Uma empresa fez modificações na fórmula de um agente clareador e pediu para que o nosso grupo de pesquisa realizasse um ensaio clínico a fim de reduzir o tempo de aplicação do produto, mantendo a eficácia clareadora. Os resultados poderão gerar mudanças na bula desse item comercial, com impacto no mercado odontológico nacional”, afirma.
A professora Alessandra Reis, orientadora do estudo, destaca a formação acadêmica de pesquisadores e o serviço especializado ofertado gratuitamente para a comunidade. “Na pós-graduação, fazemos atendimentos mais especializados, como o clareamento dental e outros procedimentos estéticos. Os pacientes nos auxiliam na coleta de informações nas pesquisas acadêmicas para ampliarmos o conhecimento em torno das especialidades clínico-odontológicas, ao mesmo tempo em que beneficiamos essas pessoas com tratamentos gratuitos, independente da condição financeira”, enfatiza.
O trabalho acadêmico tem apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e integra um grupo de pesquisa da UEPG, na área de Odontologia, liderado pelos professores Alessandra Reis e Alessandro Loguercio. O estudo conta, ainda, com a colaboração de outros docentes, além de alunos de graduação e pesquisadores de iniciação científica e de cursos de mestrado e doutorado da instituição de ensino superior.
EFEITOS – Michael frisa que a mudança de cor é o efeito mais desejado nesse tipo de tratamento, com influência na qualidade de vida dos pacientes. “O clareamento dental tem se tornado cada vez mais desejado e frequente. A busca por um sorriso bonito interfere, inclusive, na autoestima das pessoas. A expectativa é que ocorra a manutenção do clareamento dental, com redução de efeitos colaterais”, afirma.
Entre os efeitos adversos, o cirurgião-dentista aponta para a possibilidade de sensibilidade dental, uma dor aguda localizada e de curta duração, geralmente relatada em até um dia depois do procedimento, cessando em até dois dias; e irritação gengival, coceira ou ardência na gengiva, que resulta do contato do agente clareador com o tecido mole (verificado em menos de 3% dos casos).
TRIAGEM – A seleção de pacientes aptos ao clareamento dental abrange vários critérios, como boa higiene bucal e dentes da frente sem cárie, restauração, tratamento de canal e trincas visíveis. Pessoas que utilizam próteses e aparelhos ortodônticos fixos ou que fazem uso contínuo de medicamentos como analgésicos e anti-inflamatórios também não podem fazer o procedimento, assim como quem tem dentes manchados pelo uso do antibiótico tetraciclina.
São excluídos, ainda, os fumantes e pacientes que sofrem com bruxismo (transtorno em que a pessoa aperta, desliza ou bate os dentes), doenças nas gengivas, sensibilidade nos dentes e defeito no esmalte dentário (fluorose). As pessoas que não se enquadram nos critérios desse estudo precisam tratar e condicionar a saúde bucal e geral antes de realizar um procedimento desse tipo.
O formulário online de inscrição permanecerá disponível por prazo indeterminado. O número excedente de interessados será aproveitado em novos tratamentos de clareamento, por meio de outras iniciativas acadêmicas desenvolvidas pela UEPG. As imagens dos pacientes poderão ser utilizadas em aulas e publicações científicas, inclusive em livros e revistas.
Serviço:
Seleção de pacientes voluntários para clareamento dental
Inscrições: prazo indeterminado – AQUI
Local: Clínica Odontológica da UEPG – Câmpus Uvaranas – Bloco M – Setor de Ciências Biológicas e da Saúde (Sebisa) – Departamento de Odontologia
Av. General Carlos Cavalcanti, 4748 – Uvaranas – Ponta Grossa
Horário: segundas e terças-feiras, no período da manhã – mediamente triagem e agendamento prévio.
Com informações de AEN.