Cidadania

Aniversário da Lapa teria ‘escondido’ espaço histórico e autoridades do setor patrimonial são acionadas

14 de junho de 2022 - Atualizado há 5 meses atrás
5 minutos de leitura

Por Redação 97

Aniversário da Lapa teria ‘escondido’ espaço histórico e autoridades do setor patrimonial são acionadas

“Lapeanos ilustres estão no aguardo”, pontua Marcio Assad, empresário do setor de turismo. Ele encaminhou um pedido de providências sob número 01508.000508/2022-83 ao Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN). A Lapa completou 253 nesta segunda-feira (13/06) e o uso dos espaços para as festividades, conforme a alegação, estaria fora do permitido. Procurada pela reportagem, prefeitura irá encaminhar nota sobre o caso.

Marcio Assad argumenta que “não se pode ferir princípios básicos da cultura e do turismo, que seguem normas e tendências mundiais: ‘Comida, Cultura, Pessoas e Paisagem são absolutamente inseparáveis’: nos ensinou Antony Bourdain, estadunidense que foi um conceituado chef, escritor, e apresentador de televisão No Reservations, no Travel Channel.” A Lapa é reconhecida nacionalmente por sua paisagem urbana.

Outra situação é ‘o dano ao patrimônio histórico gerado por eventos sem respeito às normas é o trânsito de veículos pesados no perímetro do Centro histórico’. Denunciada pelo professor e arquiteto Cláudio Forte Maiolino, uma das maiores autoridades no assunto no Brasil, quando o tema é manutenção e restauro de bens históricos. Inclusive sua trajetória profissional é ligada a cidade onde é proprietário de um imóvel no centro histórico, adquirido e restaurado.

Outra voz é de Ana Itália Paraná Mariano, lapeana e graduada em Direito, que é marchand, curadora e especialista em museologia. Com mais de sessenta exposições, com grandes nomes da arte em espaços importantes do estado e cidade natal, inclusive memoriáveis eventos culturais, ressalta que: “na museologia um espaço arquitetônico tombado como o da lapa nós chamamos de EcoMuseu”. Sendo encoberta ou com visão comprometida nesse caso.

“Esconder o casario tampando sua visão é um ‘sacrilégio’”, avalia Assad. “Imagine irmos ao ‘Louvre’ [onde está a Mona Lisa de Leonardo Da Vinci] ou outro museu do mundo e as obras de arte estarem escondidas por detrás de barracas? O poder público tem que dar o bom exemplo e entender que cada destino turístico tem suas características próprias”, destaca. Na organização das festividades esses espaços receberam montagem de estruturas.

O empresário cita a imagem referencial projetada sobre o chamado ‘sítio histórico já existente no imaginário de quem procura a cidade para fazer turismo.’ Fato registrado é do caso dos grupos que “não puderam desfrutar da beleza do casario no último final de semana festivo”, segundo a alegação de Assad. Esse complexo histórico ficou ‘escondido’ atrás de barracas e estruturas montadas para comportar as festividades de aniversário.

“Nem o Pantheon aos heróis foi poupado. Mas o mais improvável dos absurdos foi o impedimento do acesso à Casa Lacerda, tombada em 1938, um dos primeiros imóveis no Brasil a receber essa deferência. Casa de Patrimônio, que pertence ao IPHAN, possui um interessantíssimo acervo que ajuda a contar a história da Lapa, do Paraná e do Brasil, através de quatro gerações da família Lacerda, de origem Tropeira e ervateira”, informa.

Essa edificação serviu como quartel da 2ª Brigada durante a Revolução Federalista de 1894 e na principal sala da casa foi assinada a Ata de Capitulação da cidade pelo coronel Joaquim de Rezende Correia de Lacerda, comandante em exercício das forças legalistas após a morte, em combate, do General Gomes Carneiro, de acordo a historiografia. Os acessos aos espaços foram impedidos com grandes, com feira na parte interna, segundo o empresário.

Marcio Assad lamentou a situação e mencionou haver “desrespeito à história que além de outras implicações, abalou a imagem da cidade e das agências que operaram passeios nesses dias que seriam de exaltação da história, da cultura e do turismo”. Seus argumentos tem sustentação em regras para centro histórico tombado, código de postura e normativa do próprio espaço lapeano. Menções essas serão colocadas diante da superintendência do IPHAN.

A reportagem procurou a assessoria da prefeitura da Lapa, na tarde desta segunda-feira (13/06). O setor informou que irá se posicionar, por meio de nota oficial relacionada a esses comentários e questionamentos. De antemão, a indicação seria de que tradicionalmente as festividades sempre são realizadas nesses mesmos locais. O IPHAN, a partir da reclamação deve avaliar o caso, possivelmente, numa visita ao local histórico.

Da redação com informações de Marcio Assad e prefeitura e imagem de Marcio Assad

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