No início do mês de novembro, a equipe do médico Gustavo Klug Pimentel, que coordena o serviço de transplante cardíaco do Hospital do Rocio, em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba, cumpriu uma missão: buscar um coração no Interior do Paraná para um paciente do hospital. E para que tudo transcorresse bem era preciso que o intervalo entre a retirada do órgão e o transplante não fosse maior do que quatro horas. Quando esse tempo é ultrapassado, o músculo cardíaco não consegue mais bater em outro corpo.
Como já virou rotina, o transplante deu certo. Uma aeronave do Governo do Estado partiu rumo a um hospital de uma cidade distante da Capital com a equipe médica para fazer a cirurgia de retirada do órgão. Pouco tempo depois, já de volta a Curitiba, o coração seguiu com o helicóptero do Governo até o Hospital do Rocio e antes da janela de quatro horas o paciente que precisava de um novo coração era operado por Pimentel. A cirurgia foi realizada com sucesso.
Este caso ilustra bem um dos setores em que o Paraná se tornou referência nacional: o transplante de órgãos. O Estado é líder nacional em doação por milhão de habitantes.
De acordo com o último relatório da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), entidade nacional que faz o levantamento desses números, de janeiro a junho deste ano o Paraná registrou 39,7 doações de órgãos por milhão de população, um aumento de 10% em relação ao índice registrado no final de 2021 (35,8). O Paraná é seguido pelos estados de Santa Catarina (37,9 pmp) e Ceará (24,9 pmp). A média nacional é de 15,4 pmp.
O Paraná também é líder no transplante de rim por milhão de população, com indicador de 36,6 pmp, e fica com a vice-liderança no transplante de fígado (26 pmp). Nesses dois casos as médias nacionais são de 22,3 pmp e 9,4 pmp, respectivamente. O Estado ainda apareceu entre as seis unidades da Federação que mais fizeram transplantes de pâncreas (0,7 pmp), pulmão (0,2 pmp), medula óssea (29,1 pmp) e córnea (70,2 pmp).
Segundo a ABTO, o Paraná tem outro componente de destaque: o menor índice de recusas de famílias. Apenas 27% das famílias entrevistadas regularmente pelas equipes paranaenses optam por não fazer a doação. No País, a média de recusa após entrevista é de 44%.
Juliana Ribeiro Giugni, coordenadora do Sistema Estadual de Transplantes do Paraná, explica que os números expressivos são reflexo de uma equipe dedicada, constante capacitação dos profissionais que atuam no processo e da rede de atendimento de profissionais e equipamentos do Estado, mas também da consciência dos paranaenses. “O esclarecimento das etapas e o acolhimento e apoio às famílias que perdem seus entes queridos são essenciais para que a doação seja efetivada e beneficie aqueles que aguardam na fila por um transplante”, explica.
As doações ocorrem somente após o diagnóstico da morte encefálica e precisam ser autorizadas pela família do doador. “No Paraná buscamos acompanhar todas as famílias desde o momento da abertura do protocolo de diagnóstico de morte encefálica, esclarecendo todas as dúvidas sobre o processo. Apenas após a identificação de potencial doador é que estas famílias passam por uma conversa com as equipes de saúde para esclarecer as dúvidas. Este acompanhamento humanizado é reflexo direto da capacitação dos profissionais que atuam no processo”, afirma.
Atualmente, o Sistema Estadual de Transplantes conta com nove veículos, sendo cinco em Curitiba e um veículo em cada Organização de Procura de Órgãos (OPO): Cascavel, Curitiba, Londrina e Maringá. Soma-se a isso uma equipe de motoristas em Curitiba e o apoio da rede de transporte das Regionais de Saúde no Interior do Estado, além das aeronaves à disposição que garantem a agilidade necessária no transporte – além do coração, quatro horas, para um transplante de fígado são necessários 12 horas, por exemplo.
Com informações de AEN-PR.