Uma carta atribuída ao próprio ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, requer a permanência em cárcere se dizendo inocente e tentando colocar sobre si o pressuposto de mártir de um sistema. A defesa leu o manuscrito na tarde desta segunda-feira (30/09), após o Ministério Público Federal solicitar a progressão de pena, o que o colocaria em prisão domiciliar.
A nota, lida pelo advogado Cristiano Zanin Martins, foi apresentada como resposta de Lula à manifestação dos procuradores de Curitiba, da Operação Lava Jato. A força-tarefa solicitou na sexta-feira (27/09) a transferência do ex-presidente para o regime semiaberto. O pedido foi dirigido para a juíza Carolina Lebbos, responsável pela execução da pena do petista.
Na carta Lula escreve que não aceita “barganhar” seus direitos e sua liberdade e que os procuradores da Lava Jato devem desculpas “ao povo brasileiro, aos milhões de desempregados e à minha família pelo mal que fizeram à democracia, à Justiça e ao País”. Numa clara tentativa, conforme diversos juristas declararam em meios de comunicação, de se fazer de vítima.
São 23 linhas escritas à mão em que ele se recusa a progressão de regime. “Não troco minha dignidade pela minha liberdade”, escreveu. “Quero que saibam que não aceito barganhar meus direitos e minha liberdade”. O tom segue este caminho, na análise crítica, de tentar impor sobre os procuradores uma suposta detenção irregular, quando da sua prisão.
“Ele não aceita qualquer condição imposta pelo Estado, pois não reconhece a legitimidade do processo que o condenou e que o trouxe ao cárcere onde ele está neste momento”, afirmou Zanin. A defesa requer a anulação da condenação e, no caso, a progressão de pena seria uma determinação à que ele estaria obrigado em cumprir. Da mesma forma que a detenção.
Esta solicitação está na alçada da juíza Carolina Lebbos e pode ser confirmada a qualquer momento. Ao passo que, grupos de manifestantes que pediam por “Lula livre”, agora mudaram o tom e não querem mais a liberdade do ex-mandatário. A explicação é a mesma ladainha: prisão injusta e Lula inocente, quando de fato é uma tentativa de vitimizar o envolvida, num tom político.
Da Redação