O presidente Lula (PT) sugeriu que a população deixe de comprar alimentos caros como forma de pressão para reduzir os preços e ajudar a controlar a inflação. O comentário foi feito na quinta-feira (6), em entrevista às rádios baianas Metrópole e Sociedade.
“Uma das coisas mais importantes para a gente poder controlar o preço é o próprio povo. Se você vai ao supermercado e desconfia que tal produto está caro, você não compra”, afirmou o presidente da República.
“Se todo mundo tiver consciência e não comprar aquilo que acha que está caro, quem está vendendo vai ter de baixar para vender, porque, senão, vai estragar”, completou.
Alimentos caros afetam popularidade de Lula
A alta nos preços dos alimentos já pesa na popularidade de Lula, segundo pesquisa divulgada pela Quaest na semana passada. Oito em cada dez entrevistados disseram ter percebido aumentos de valores no último mês.
Lula disse ainda estar “trabalhando com muito afinco para solucionar o preço dos alimentos” e adiantou que na próxima semana terá reunião com produtores de carne e de arroz para discutir o assunto. “Comida barata na mesa do trabalhador é algo que estamos perseguindo.”
Emissários do presidente têm questionado representantes de setores produtores de óleo de soja e milho sobre aumentos de preços registrados desde 2024. No fim de janeiro, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, chegou a dizer que o governo avaliaria a redução de tarifas de importação de alguns alimentos para tentar frear as remarcações de preços no País.
Um dia antes da declaração feita por Costa, o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, havia afirmado que sua equipe vai trabalhar para reduzir os custos do vale-alimentação e do tíquete refeição, e descartou subsídios ou redução de impostos.
Presidente defendeu que o agronegócio produza mais
Ainda na entrevista, Lula defendeu que o agronegócio brasileiro produza mais alimentos para que o preço da comida seja barateado. Ele negou qualquer possibilidade de fazer um congelamento de preços para evitar novos aumentos. “Temos de ver o que fazer para garantir que a cesta básica caiba no orçamento do povo com certa flexibilidade”.
O presidente repetiu que a inflação nos seus dois primeiros anos de governo foi menor que no governo de Jair Bolsonaro e que, apesar de a economia viver “seu melhor momento”, as cotações do dólar ainda são fator de preocupação para o governo.
Nesse ponto, voltou a criticar a antiga gestão do Banco Central, sob o comando de Roberto Campos Neto. Segundo Lula, Campos Neto teve uma gestão “totalmente irresponsável”, em referência à trajetória da taxa de juros.
“O problema sério é que tivemos um aumento do dólar porque a gente teve um Banco Central totalmente irresponsável, que deixou uma arapuca que a gente não pode desmontar de uma hora para a outra. A gente não pode dar um cavalo de pau em um navio do tamanho do Brasil”.
Oposição critica fala de Lula sobre alimentos caros
O comentário do presidente Lula repercutiu nas redes sociais e foi alvo de crítica de políticos da oposição. Na rede social X, a senadora Damares Alves (Republicanos/DF) disse que “quem não se indignar com mais essa fala absurda precisa urgentemente de tratamento”.
O senador Sergio Moro (União/PR) afirmou que a fala de Lula é “um sinal de que o governo perdeu o controle e não sabe mais o que fazer”. O senador ainda questiona: “A promessa de campanha não era picanha e cerveja barata para todo mundo?”.
Fonte: Estadão Conteúdo