A indústria florestal Braspine, com sede nos municípios paranaenses de Jaguariaíva e Telêmaco Borba, anunciou nesta quarta-feira (3) que cerca de 400 funcionários foram demitidos e 1,1 mil colaboradores migraram para o regime de layoff. A decisão foi tomada após a manutenção do ‘tarifaço’ do Governo dos EUA, que prevê taxa de 50% nas exportações brasileiras ao mercado norte-americano.
O regime de layoff prevê que esses funcionários tenham a suspensão temporária do contrato de trabalho, mas sem serem demitidos por uma empresa. A Braspine pontuou em comunicado que esses colaboradoras realizarão “capacitação profissional” durante esse período.
“A empresa segue comprometida com transparência e respeito às pessoas, oferecendo extensão de benefícios e suporte na recolocação profissional, bem como continua monitorando o mercado e mantendo o diálogo aberto com todos os órgãos governamentais e entidades setoriais”, pontuou a empresa em nota.
Em 20 de agosto, representantes da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas) se reuniram com o secretário estadual da Fazenda (Sefa), Norberto Ortigara, para apresentar as principais demandas do segmento em meio ao ‘tarifaço’ dos EUA.
As principais medidas solicitadas pela APRE às empresas do setor florestal paranaense foram:
- Implementação de um programa de compra pública de produtos de madeira do Paraná;
- Agilidade na devolução do ICMS em todas as etapas da exportação, incluindo o transporte interestadual;
- Aprovação da atualização da Lei Florestal do Paraná, garantindo segurança jurídica e sustentabilidade da atividade.
“Essas ações são fundamentais para dar fôlego às empresas que estão sendo diretamente atingidas pelas tarifas e que correm o risco de paralisar suas operações”, afirmou o presidente da APRE, Fabio Brun.
Setor florestal paranaense é dependente dos Estados Unidos
De acordo com dados da APRE, os EUA são o maior importador de serrado de pinus do Brasil (37,15%), e o segundo maior importador do Paraná do mesmo produto (30,79%).
Além disso, entre os produtos do agronegócio mais vendidos pelo Brasil aos Estados Unidos, o setor florestal lidera em receitas com US$ 3,7 bilhões, seguido de cafés (US$ 2 bilhões), carnes (US$ 1,4 bilhão), sucos (US$ 1,1 bilhão) e complexo sucroalcooleiro (US$ 791 milhões).
Em 2024, somente os três estados do Sul do Brasil – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, responderam por 86,5% das exportações brasileiras de produtos de madeira para os Estados Unidos, totalizando US$ 1,37 bilhão.
O Paraná lidera esse indicador nacional em produtos como compensados, madeira serrada, molduras, portas, painéis e móveis – todos de maior valor agregado.
“O setor florestal está fazendo sua parte, fornecendo dados, cenários e impactos. Mas as negociações ultrapassam a atuação setorial e exigem uma ação governamental com urgência e prioridade”, finaliza Brun.
A APRE ainda defende que o Governo Federal não atue com medidas de retaliação aos EUA e busque acordo para reverter o cenário, ao menos, para prorrogar a medida tarifária por, no mínimo, 90 dias, permitindo “ajustes contratuais e logísticos”.
Fonte: Portal Ric