Uma faixa de pedestres em uma lombada de barro está repercutindo na internet nesta semana. As imagens, divulgadas pela própria prefeitura de José Boiteux, uma pequena cidade no Alto Vale do Itajaí, viraram motivo de piadas pelos internautas. “E a pintura em cima da terra, vai durar quanto tempo?”, diz um dos comentários na publicação feita nas redes sociais.
As fotos foram divulgadas pela prefeitura nesta terça-feira (4). Na postagem no Facebook e Instagram, o município afirma estar construindo lombadas na localidade de Barra da Anta e pede à comunidade “atenção ao trafegar pelo local, respeitando a sinalização e reduzindo a velocidade, a fim de garantir a segurança de todos”. As imagens mostram maquinário e equipes executando o serviço.
A estrada é de barro e a lombada também. Depois, cal foi jogada em cima, simulando uma faixa de pedestres. Uma placa indica a presença do dispositivo. Mas qual o problema então — além de a suposta faixa sair em uma eventual chuva ou após a passagem de muitos veículos? A resposta, segundo especialistas em trânsito ouvidos pela reportagem, é que não segue as normas viárias.

Apesar de a intenção possivelmente ter sido boa, o indicado seria reforço das placas de sinalização para o motorista reduzir a velocidade e alertando sobre o fluxo de pessoas no trecho, apontam profissionais da área. Eles alertam, inclusive, que se houver um eventual acidente provocado pela “lombofaixa”, instalada sem seguir as regras do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), a prefeitura responde pelos danos.
A instalação desses dispositivos exige estudo e projeto técnicos, bem como um documento chamado Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). Ele é obrigatório e tem emissão pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea).
Em nota, a prefeitura de José Boiteux disse “que não houve tentativa de pintar faixa em estrada de terra” e que o cal “tem finalidade exclusivamente técnica e provisória: destacar o relevo da via recém-nivelada, aumentando a visibilidade dos dispositivos enquanto o solo firma e compacta”. Ainda segundo o município, “essa é uma prática comum em estradas não pavimentadas, empregada para evitar acidentes no período de compactação do terreno e serve apenas como referência visual provisória”.
“Para lombada, ela está dentro das normas”, defende a prefeitura.
NSC