Nas eleições de 2022, foram levantadas acusações a institutos que fazem os principais levantamentos do país, em razão de diferenças entre os resultados eleitorais e os encontrados pelas sondagens.
Essa discrepância, porém, ocorre porque as pesquisas são feitas para capturar apenas uma fotografia do processo eleitoral, não prever o resultado do pleito.
Entenda o que é, para que serve e como ler uma pesquisa eleitoral:
O que são pesquisas eleitorais?
As pesquisas eleitorais são trabalhos estatísticos realizados por institutos especializados no tema, visando entender as tendências do eleitor envolvendo um pleito vigente no momento em que a sondagem é feita.
São elaboradas perguntas, e pesquisadores entrevistam as pessoas. São abordadas uma amostra, ou seja, um grupo de pessoas que, a partir de critérios técnicos, pode representar a população na totalidade.
Pesquisas eleitorais não “erram” ou “acertam”. Como buscam apenas capturar tendências a partir de uma intenção de voto (ou seja, pode mudar até o momento do voto), não podem ser comparadas com a apuração das urnas eletrônicas.
Como são feitas as pesquisas eleitorais?
As pesquisas podem ser presenciais ou por telefone. Em regra, o Datafolha faz os levantamentos presencialmente, abordando pessoas em casa ou nas ruas, em pontos movimentados da cidade.
O entrevistador nunca pode saber quem será entrevistado, e nenhum entrevistado pode se oferecer para responder às perguntas.
Para evitar fraude, os principais institutos de pesquisa do país realizam um controle de qualidade dos seus questionários. O Datafolha, por exemplo, faz uma checagem no local e por telefone de 30% das entrevistas, além de executar uma série de processos internos de verificação.
Os pesquisadores recebem treinamento específico, e todas as entrevistas são gravadas.
Qual o objetivo de uma pesquisa eleitoral?
As pesquisas servem para retratar a preferência dos eleitores apenas no momento em que são realizadas, o que colabora para o entendimento de tendências nas dinâmicas de opinião usadas pela população na hora de decidir.
Isso significa que tanto os políticos quanto os eleitores podem usar os resultados das sondagens como forma de entender o caminhar de uma determinada campanha -para o candidato, as pesquisas podem elucidar se uma estratégia dá certo ou não e, para o eleitor, podem dar pistas sobre a competitividade de um pleiteante, por exemplo.
Como ler os resultados de uma pesquisa eleitoral?
Além de conhecer os resultados, é importante entender as questões que a pesquisa abordou. Isso ajuda a fazer uma análise mais ampla do cenário eleitoral. Por exemplo, há pesquisas que podem trazer a intenção de votos, a convicção dos eleitores, a rejeição aos candidatos, a transferência de votos, dentre outros itens.
Também é importante verificar as margens de erro de cada resultado e, em caso de evolução entre um levantamento e outro, entender o grau de oscilação. Isso ajuda a entender se as movimentações dos candidatos envolvem uma mudança no comportamento do eleitor e o tamanho dessa tendência.
O que é margem de erro?
É preciso sempre prestar atenção à margem de erro. Qualquer pesquisa por amostragem tem uma diferença tolerada entre o valor constatado numericamente após a coleta de dados e possíveis variações deste número, para mais ou para menos.
Essa margem é definida quando os estatísticos planejam o tamanho da amostra que vão utilizar. Quanto menor é a margem de erro que eles desejam, maior deve ser a quantidade de entrevistados para alcançá-la.
Dessa forma, os resultados devem ser interpretados considerando o intervalo formado pelos valores máximo e mínimo da margem de erro.
O empate técnico ocorre quando a diferença entre os candidatos se encontra dentro das margens de erro da pesquisa, ou seja, quando os intervalos se sobrepõem.
O mesmo princípio é seguido para interpretar os dados da evolução de um mesmo candidato ao longo do tempo. Se, de um mês para o outro, suas intenções de voto variaram dentro das margens de erro, pode-se dizer apenas que ele oscilou.
Quem financia as pesquisas
Muitas vezes, são os veículos de comunicação que financiam as pesquisas eleitorais, pela relevância jornalística dos dados. Mais recentemente, instituições financeiras vêm financiando cada vez mais levantamentos, porque podem utilizá-los para processos internos e previsões da economia, por exemplo.
Pesquisas do Datafolha, por exemplo, são financiadas pela Folha de S.Paulo e, em alguns casos, pela TV Globo, em parceria com o jornal.
Como saber se uma pesquisa é séria?
Todo levantamento precisa ser registrado no TSE, informando então sua metodologia, amostra, questionário, cartões utilizados (o que será mostrado ao entrevistado em determinada pergunta), quem contratou, valor pago e os estatísticos responsáveis.
Essas informações ficam disponíveis no site do tribunal. Vale ressaltar que o TSE não possui acesso prévio aos resultados da pesquisa.
Com informações Folha Press