Política

Contraditório e se colocando como imaculado, Lula vendeu esperança em discurso de cunho partidário contra Bolsonaro

10 de março de 2021 - Atualizado há 5 meses atrás
4 minutos de leitura

Por Redação 97

Contraditório e se colocando como imaculado, Lula vendeu esperança em discurso de cunho partidário contra Bolsonaro

Num pronunciamento na sede do Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo, no ABC paulista nesta quarta-feira (10/03), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez agradecimentos e atacou o governo de Jair Bolsonaro. Disse ser vítima da ‘maior mentira jurídica do Brasil’, afirmando ser inocente, numa narrativa antibolsonarista e supondo ter sido ele um governante que trouxe esperança ao povo.

“Como eu tinha clareza das inverdades tomadas contra mim eu tomei a decisão de provar a minha inocência dentro da sede da Polícia Federal, perto do juiz Moro. Antes de eu ir, nós tínhamos escrito um livro e eu fui a pessoa que deu a palavra final no título do livro que ‘a verdade vencerá’”, esbravejou o ex-presidiário que foi condenado em três instâncias da Justiça, sem que sua defesa provasse ser ele inocente de fato.

O discurso teve a mira centrada no presidente da República Jair Bolsonaro. O ex-presidente, que teve suas três condenações proferidas pela 13ª Vara Federal de Curitiba (e confirmadas por Colegiados) anuladas pelo ministro Edson Fachin do Supremo Tribunal Federal (STF), chamou convidados e imprensa para expor seus pensamentos sobre a política, economia, Covid-19 e ações do Governo Federal, dentre outras coisas.

Numa postura visivelmente partidária e abrindo caminho para uma possível candidatura à presidência da República, Lula criticou a política econômica de Bolsonaro fazendo comparativos com a época em que o seu partido, o PT, estava no Governo Federal. Citou a Petrobras e os ditos avanços neste período, mas sem justificar os sucessivos escândalos e rombos financeiros da época. Fruto de investigações sem fim, por corrupção.

Ao longo da fala de mais de uma hora, o ex-presidente lembrou de líderes mundiais, seus aliados. Mencionou a necessidade de proteger as pessoas, usar máscaras, vacinas e criticou Bolsonaro por ser, segundo ele, contrário a tudo isso. De certa forma se contradizendo ao citar a necessidade de medidas sanitárias serem adotadas e manutenção da atividade econômica com plano de investimento e apoio aos empresários.

Não fez parte do discurso de Lula a relação da crise na economia com a pandemia de Covid-19. Ainda, no seu entendimento, o Brasil não tem um Governo Federal. Falta, em seu conceito, um presidente que comande o País. Visivelmente se colocando como um imaculado que poderia recuperar a esperança do povo. Numa espécie de ‘salvador da pátria’ e que retornaria o diálogo com empresários e a economia.

Diversas vezes Lula disse ser inocente, com o discurso de não guardar mágoa, contudo se colocando como a vítima imaculada, condenada por sistema armado contra ele, numa contradição explícita. Sem entrar no emérito das condenações por corrupção, anuladas por Fachin e transferidas para a Justiça Federal de Brasília, que o permite disputar eleição sem estar enquadrado na Lei do Ficha Limpa.

No discurso, não mediu palavras e nem adjetivos para agredir o adversário político. Bolsonaro foi a referência de toda a fala dirigida por Lula. O que para muitos analistas representa o cenário para a disputa presidencial de 2022. Não faltaram alegações de cunho político para tentar justificar seus problemas com a Justiça, amenizados pelo STF e a quem o ex-presidente agradeceu, mas se equivocou em alguns dados.

“Anteontem foi um dia gratificante. Eu sou agradecido ao ministro, sabe, Fachin. Porque ele cumpriu uma coisa que a gente reivindicava desde 2016”, disse. Contudo, a anulação não tem relação com este ponto em si, como disse Lula de cinco anos atrás e sim pelo pedido de habeas corpus formulado pela defesa em 03.11.2020, conforme consta na decisão do ministro. Ou seja, trocou quatro meses por cinco anos.

O ex-presidente defendeu o auxílio emergencial, promoção de empregos e o avanço da vacina como ações essenciais. Ao passo que citou a necessidade de acreditar na ciência, que sustenta os fechamentos de comércios e serviços não essenciais, Lula frisou a importância de retomar a economia, sem esclarecer estas ideias antagônicas reunidas num mesmo palanque de suposições politiqueiras, sem muita conexão lógica racional.

Da redação Cultura Sul FM com base nas transmissões oficiais do pronunciamento de Lula e reprodução de imagens deste.

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