O Vaticano viveu um momento histórico neste domingo com a canonização de Carlo Acutis, jovem italiano falecido em 2006 aos 15 anos, agora oficialmente reconhecido como santo pela Igreja Católica. A celebração, presidida pelo Papa Leão XIV, reuniu milhares de peregrinos de diversas partes do mundo na Praça de São Pedro. A data marca a entrada do primeiro millennial nos altares da Igreja, simbolizando um novo elo entre tradição e modernidade.
O adolescente usava a internet como ferramenta de evangelização. Sua linguagem acessível, combinada a um estilo de vida comum a tantos jovens — videogames, tênis e jeans — fez dele um modelo de fé para as novas gerações.
A jornada de Carlo até os altares começou com sua beatificação em 2020, após o reconhecimento de um milagre ocorrido no Brasil. O caso envolveu a cura de uma criança com uma grave anomalia no pâncreas, atribuída ao contato com uma camiseta que pertencia ao jovem. O segundo milagre, necessário para a canonização, foi confirmado em 2024, com a inexplicável recuperação de uma estudante na Costa Rica após grave acidente.
Durante a homilia, o Papa Leão XIV destacou a importância de figuras como Acutis no mundo contemporâneo:
— Ele nos mostra que a santidade não é distante nem inacessível. Ela pode florescer em meio aos desafios da juventude e à cultura digital — disse o pontífice, acrescentando que Carlo será um exemplo de como a fé pode dialogar com as novas tecnologias, inspirando evangelizadores do século 21.
Com sua canonização, Carlo Acutis passa a ser venerado oficialmente em todo o mundo, e sua memória será celebrada anualmente no dia 12 de outubro, data de sua morte.
Processo de canonização
A canonização é o rito pelo qual a Igreja Católica declara uma pessoa santa, reconhecendo que ela está no céu e pode interceder por aqueles que oram em seu nome.
O processo inclui a verificação de milagres atribuídos à pessoa após sua morte. A liturgia católica afirma que milagres são realizados por Deus, mas os santos intercedem em favor das pessoas.
O processo começa com a investigação diocesana da vida e das virtudes da pessoa a que se atribui santidade, que, se aprovada, leva ao título de “servo de Deus”.
Em seguida, o Vaticano revisa os documentos e, se o Papa aprovar, o candidato é declarado “venerável”. Para a beatificação, é necessário um milagre comprovado, após o qual o candidato se torna “beato”.
A canonização requer um segundo milagre, levando à declaração oficial de santidade pelo Papa. Os milagres, eventos extraordinários atribuídos à intercessão da pessoa a que se atribui santidade, são rigorosamente investigados e validados cientifica e teologicamente.
O processo de canonização pode levar de algumas décadas a vários séculos, dependendo do caso.
Informações e foto: O Globo