O Corinthians terminou a temporada com mais uma derrota (a 27ª do ano!). Contra o Grêmio, em Porto Alegre, neste domingo, apresentou em campo mais do mesmo: defesa insegura, ataque sem inspiração. A derrota por 1 a 0 foi mero detalhe. O planejamento para 2019 precisa começar com a mão na consciência – fora de campo.
A impressão que fica neste fim de ano é que, desde o título paulista sobre o Palmeiras, no longínquo 8 de abril, o Corinthians passou a empurrar o ano com a barriga. Pouca gente, afinal, esperava um título desse tamanho com um time já mais fraco que aquele de 2017, vencedor do Brasileirão. A sensação parecia ser de missão cumprida.
O susto no fim do ano, em luta contra o rebaixamento, pode servir como lição para o clube acordar. A campanha no Brasileirão é a pior desde 2007, ano da queda para a Série B. Os números são péssimos, e, no segundo semestre, é possível contar com os dedos de uma mão os bons jogos que o time fez (contra o Flamengo, pela Copa do Brasil?).
Os melhores momentos de Grêmio 1 x 0 Corinthians pela 38ª rodada do Brasileirão
A diretoria encabeçada por Andrés Sanchez teve de lidar com perdas irreparáveis no meio do ano, é verdade – com as vendas de Rodriguinho, Maycon e Balbuena e o desmanche na comissão técnica. Não houve, porém, qualquer critério nas reposições.
Se quiser brigar por algo no ano que vem, o Corinthians precisa, primeiro, definir logo quem será seu comandante. Jair Ventura deixou Porto Alegre falando em continuidade no trabalho. Conhecendo bem o modus operandi do dirigente brasileiro, isso não quer dizer nada. Ainda mais depois que o diretor de futebol, ainda em Porto Alegre, reconhece que “não dá para achar bom” um trabalho que teve apenas quatro vitórias em 19 jogos.
Ter um técnico que, antes de tudo, organize a defesa
Forte na sua “cozinha” em todos os últimos anos de sucesso, o Timão virou uma peneira no segundo turno do Brasileirão. Sofreu 19 gols em 19 jogos, média que nem é tão ruim, mas que só não aumentou por causa do goleiro Cássio. Jair Ventura não encontrou respostas. Fábio Carille, especialista em montar boas defesas, será a solução?
Ter inteligência ao remontar o elenco
A lateral esquerda foi o principal exemplo da falta de planejamento – Danilo Avelar foi contratado “no susto”, teve desempenho ruim, mas se sustentou no time porque não havia reserva. Carlos Augusto, da base, foi a solução no fim. Na direita, só há Fagner. É como Tite costumava pregar em 2015: dois bons jogadores por posição. Mas, como fazer isso sem dinheiro?
A solução é buscar nomes mais baratos. Richard, do Fluminense, é um volante com potencial e fez o gol que livrou a equipe carioca do rebaixamento à Série B. Montar uma boa base é essencial. Depois, sim, deve-se pensar em medalhões com os quais a torcida sonha (Diego Tardelli, no caso).
Fagner é o único lateral-direito “viável” do Corinthians; é preciso um reserva de bom nível — Foto: Rodrigo Gazzanel/Ag. Corinthians
Aproveitar os garotos, mas não de qualquer jeito
Entre altos e baixos, Pedrinho virou titular do Corinthians no fim do ano por pura falta de opção. O garoto tem muito talento, claro, mas convivia com questões físicas que o impediam de jogar. E foi alçado à equipe principal diante da má fase de nomes como Clayson.
Além de Pedrinho, Léo Santos, Carlos Augusto e Thiaguinho (não é formado no clube, mas também é garoto) terminaram a temporada como titulares. Léo já deu sinais de oscilação, Carlos idem – os dois são vistos como jogadores de potencial, mas podem acabar “queimados” pela reta final ruim do Corinthians no Brasileirão.
Agora, com as férias, é momento de refletir sobre o segundo semestre e tirar lições dele. O Corinthians se reapresenta no dia 4 de janeiro com as disputas de Paulistão, Copa Sul-Americana, Copa do Brasil e Brasileiro pela frente.
Pedrinho é o mais talentoso da geração promovida pelo Corinthians nos últimos dois anos — Foto: Fernando Alves/Estadão Conteúdo