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Rosângela Moro propõe atendimento no SUS para pais de bebê reborn

A deputada defende o acolhimento psicológico a quem cria laços afetivos com bonecas realistas.

19 de maio de 2025 - Atualizado 1 hora atrás
4 minutos de leitura

Por P97

Rosângela Moro propõe atendimento no SUS para pais de bebê reborn

Foto: Câmara Federal | Reprodução da internet

A deputada federal Rosângela Moro (União Brasil-SP) apresentou um projeto de lei que propõe a inclusão de atendimento psicológico no Sistema Único de Saúde (SUS) para indivíduos que desenvolvem sofrimento mental devido ao vínculo afetivo com bebês reborn — bonecas hiper-realistas que simulam recém-nascidos.

De acordo com a deputada, esses vínculos, em muitos casos, podem indicar sofrimento psíquico ou quadros de vulnerabilidade emocional, e não devem ser tratados com banalidade ou deboche. A proposta busca garantir diretrizes específicas para o cuidado e acompanhamento clínico desses indivíduos na rede pública de saúde mental.

“Política pública se faz com responsabilidade, ciência e sensibilidade”, afirmou a deputada nas redes sociais ao comentar o projeto.

Veja o que os especialistas falam sobre bebê reborn

Casos de bebê reborn, bonecos hiper-realistas que imitam recém-nascidos e custam até R$ 9,5 mil, viralizaram nas redes nos últimos meses, impulsionados por vídeos que mostram as rotinas de cuidado de “mães” dedicadas. Eles têm nome, enxoval, certidão de nascimento e até aparecem em consultas médicas.

Entre as adeptas, famosas como Britney Spears e Gracyanne Barbosa já surgiram na web embalando ou trocando fraldas de seus “nenéns”. Mas, com o sucesso, vieram as críticas, apontando a prática como um sinal de problemas psicológicos.

Para o psicólogo Marcelo Santos, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, o primeiro passo para discutir o tema é não julgar ou distribuir diagnósticos. “Não dá para ‘patologizar’ automaticamente. É importante analisar quais são os contextos e as motivações que estão por trás desses comportamentos”.

A psicóloga Rita é enfática sobre o assunto: “Mulheres que apenas usam, colecionam ou brincam com as bonecas como um momento de relaxamento não têm problema nenhum”.

Já o psiquiatra Alaor Carlos de Oliveira Neto, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, alega que a prática é um hobby saudável quando enriquece a vida, proporcionando alegria e aprendizado sem gerar consequências negativas em outras áreas.

Conforme os especialistas, cruzar a fronteira entre o hobby e um possível desequilíbrio emocional quando não se distingue o cuidado fantasioso da realidade ou a interação com a boneca afeta as responsabilidades diárias. Algumas atitudes que merecem atenção especial, segundo o Neto, são:

  • Trocar os relacionamentos com outros humanos pelo apego à boneca, buscando no objeto carinho e afeto;
  • Deixar de cumprir responsabilidades do dia a dia, como trabalhar e estudar, para ficar com o brinquedo;
  • Gastar muito dinheiro com bonecas e acessórios, o que pode causar problemas financeiros;
  • Se infantilizar ou tratar a boneca como se fosse um bebê de verdade de forma consistente, o tempo todo, perdendo a noção de que é uma brincadeira ou coleção;
  • Usar o brincar para evitar lidar com problemas emocionais, traumas, situações difíceis ou a realidade da vida;
  • Usar a brincadeira para fugir de sentimentos como solidão, ansiedade ou tristeza.

Além desses sinais, Santos também destaca que sentimentos extremos são preocupantes, como reações exageradas às críticas. “A pessoa pode entrar numa depressão achando que está passando por um preconceito em relação ao seu filho, que, neste caso, é o boneco. Isso é um sinal de alerta”, diz.

Outros exemplos de que a situação “passou do ponto” envolvem a preocupação por deixar os bonecos em casa “sozinhos” durante o expediente de trabalho ou não vivenciar momentos com as pessoas reais para se fazer mais presente para os brinquedos.

Fonte: RicMais

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