Tabelamento do frete, greve dos caminhoneiros, protagonismo nas exportações e acordos comerciais com outros países, além de projeções para o ano que vem. Esses forma alguns dos assuntos abordados nesta quarta-feira (5) pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), em um balanço do desempenho do setor em 2018.
Para 2019, a CNA acredita em uma maior safra de grãos, além de um crescimento de 2% no PIB do setor. Outro aumento esperado é de 4,3% no Valor Bruto da Produção, que mede o faturamento dentro da porteira. No contexto político, o presidente da CNA, João Martins, comentou o que espera de ação por parte do governo de Jair Bolsonaro, que inicia seu governo em janeiro de 2019.
“(Espero) Que o governo faça a sua parte, porque o produtor faz a dele. Que é produzir mais com competitividade e qualidade. O que é de parte do governo: infraestrutura, logística, principalmente a de portos e políticas públicas. Nós não queremos subsídios. E é até bom falar com a (taxa) Selic de 6,5%, nós estamos pagando mais de 7,5% de juros, então não tem mais recurso subsidiado para o produtor rural. Produtor rural está pagando além do que é normal para o juros que é cobrado no mercado.”
No mercado internacional, a conclusão dos acordos comerciais com países como a Coreia do Sul, México e Canadá são esperados pela entidade, além de um aumento na diversidade da pauta exportadora e uma maior resolução nas negociações de acordos do uso de defensivos agrícolas.
Entre os pontos negativos, a Confederação apontou alguns fatores que prejudicaram o desempenho do setor em 2018. A incerteza política durante as eleições, a greve dos caminhoneiros motivada pela alta do preço do diesel e o tabelamento do frete causaram, segundo a CNA, um aumento dos preços dos alimentos e fertilizantes, que não estavam previstos. O aumento dos custos da produção e a queda na rentabilidade foram as consequências para o produtor brasileiro, que ainda sofreu com questões como o clima, e a incerteza jurídica em pontos como na do uso do Glifosato.
Por outro lado, a agropecuária foi destaque nas exportações mais um vez. Ao todo, de janeiro a novembro, o setor foi responsável por uma receita de mais de US$ 93. Isso representa um aumento de 4,6% com relação ao mesmo período do ano passado. Segundo a entidade, a agropecuária correspondeu com 42% da vendas externas do Brasil. Destaque para a soja em grãos, celulose, farelo de soja, carne de frango e a cana de açúcar. O maior comprador de produtos brasileiro foi a China, com 29% de todo o volume, seguido da União Europeia e os Estados Unidos. O setor contribuiu com a geração de empregos, foram mais de 74 mil vagas de saldo positivo, o quarto setor que mais criou vagas no país.
Reportagem, Raphael Costa