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30 anos de luta: discriminação ainda é mais perversa que o vírus

10 de dezembro de 2018 - Atualizado há 5 meses atrás
4 minutos de leitura

Por Redação 97

30 anos de luta: discriminação ainda é mais perversa que o vírus

O Brasil e o mundo comemoram, neste dezembro, os 30 anos do Dia Mundial da Luta Contra à Aids. É uma longa história de avanços e descobertas. Quem sabe contar isso melhor são as pessoas que vivenciaram todo esse processo. A agente administrativa Credileuda Costa, cearense de 42 anos, diagnosticada quando tinha 18 anos, sabe bem o que é o preconceito. Ela descobriu que estava com HIV quando foi acompanhar a irmã em uma bateria de exames e conta que não suspeitava da doença porque, no início, o vírus pode não apresentar nenhum sintoma. Na época, ainda não existiam, no Brasil, medicamentos para o tratamento.

Quem quisesse se tratar com remédios, tinha que importar as medicações a preços elevados. Credileuda conta que ficou três anos apenas fazendo exames de seis em seis meses para ver como estava a carga viral. Começou a tomar os remédios apenas em 1996, quando engravidou pela segunda vez e começou a fazer o pré-natal com AZT, remédio que naquela época já era oferecido pela rede pública. Ela comemora que a filha não nasceu com o vírus, e comenta que, atualmente, as medicações estão bem mais avançadas e eficazes do que eram naquela época, além de não apresentar os fortes efeitos colaterais. Mas, para ela, o que ainda não está vencido é a discriminação com as pessoas que têm o HIV, como exemplo, conta a história de duas colegas da ONG de que participa.

“Eu acompanhei a discriminação de algumas pessoas. Principalmente de duas amigas minhas. Que foram abandonadas pela família, os filhos foram tomados. Uma foi pro meio da rua, foi expulsa da cidade. Eu acompanhei essa questão da pessoa ser abandonada pela família, por mãe e pai. Você precisar de um abraço de uma mãe, que olha pra você e não chega perto te fazer um carinho, isso eu vi. E, assim, me colocando no lugar daquela menina, eu acho que eu ficaria no fundo do poço, que nem ela ficou.”

É uma pena que, mesmo depois de tantos anos lutando contra a doença, e de tanto já se ter aprendido, ainda exista tanto preconceito e discriminação. O que falta é conscientização da população sobre a aids. E não só em relação ao preconceito. É preciso que as pessoas se informem também para cuidarem da própria saúde, isso porque, para Maria Letícia, coordenadora adjunta do Programa de Combate à Aids do Rio Grande do Sul, a população ainda não tem o costume de ir às unidades de saúde, fazer exames de checagem para verificar se a saúde está em dia.

“Eu considero muito baixo ainda, tendo em vista a quantidade de diagnósticos tardios que a gente tem observado. A gente sabe que um diagnóstico é tardio quando a gente avalia o primeiro CD4, a primeira contagem de linfócitos de CD4, que é o espelho que representa a defesa. Quando a gente vê a contagem a gente sabe que o diagnóstico está tardio. Nossa média de diagnóstico tem sido, ainda, de CD4 abaixo de 300. O primeiro da vida da pessoa. Então, isso indica que as pessoas estão se testando tarde.”

No início, o HIV pode não apresentar sintomas. Por isso, crie o hábito de fazer testes e cuidar da sua saúde. Quanto mais cedo o diagnóstico, mais eficaz será o tratamento. Faça sua parte. Essa é uma luta de todos. Informe-se. E, claro, previna-se. Use camisinha e conheça as outras formas de prevenção combinada, disponíveis no SUS. Proteja-se. Trinta anos do Dia Mundial de Luta Contra a AIDS. Uma bandeira de histórias e conquistas. Saiba mais em aids.gov.br.

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