Uma carta redigida por Teodoro Pototskei em setembro de 1897 e direcionada para o jornal Svoboda – da comunidade ucraniana de Nova York, nos Estados Unidos da América, registra o feito. O imigrante relata a epopeia de sua família, saída da Ucrânia em 1895, passagem por Lviv e Gênova de onde embarcaram rumo ao Brasil em 8 de junho. Depois, a vinda do 1º padre e construção da 1ª igreja em Mallet.
O documento foi publicado em periódicos da etnia e usado em diversos trabalhos e estudos. A riqueza de detalhes, no relato, atribuí à comunidade da Colônia Cinco, no município de Mallet, o feito de edificar a 1ª Igreja católica genuinamente ucraniana do Brasil. Isso porque era a única comunidade, dentre todos os núcleos de imigrantes, com a presença de um sacerdote entre o povo e permanente.
O padre Nicon Rozdolskei, viúvo e nascido na Ucrânia Ocidental em 1867, foi o ‘arquiteto e peça chave’ para reunir os imigrantes, escolher o local, benzer o terreno e gerenciar a construção da 1ª Igreja genuinamente ucraniana (católica de Rio Bizantino) no Brasil. Ele foi, também, o 1º sacerdote autorizado em estabelecer residência no país pelo Arcebispo de Curitiba e atuar entre as comunidades de ucranianos.
Antes de Nicon, outros dois padres visitaram comunidades ucranianas nesse início de imigração: Prudentópolis, Lucena (hoje Itaiópolis e na época pertence a Rio Negro) e Rio Claro (na época pertencente a São João do Triunfo, depois São Mateus do Sul e atual distrito de Mallet). A Colônia Cinco – a menos de dez quilômetros do centro urbano malletense – concentrou um desses primeiros núcleos de ucranianos.
O padre Nicon, junto à comunidade da Colônia Cinco, levantou ‘oficialmente’ a primeira Igreja Católica do Rito Oriental Bizantino em toda a América Latina, dedicada ao Divino Espírito Santo. Depois, se deslocou para a Serra do Tigre. Esteve à frente da construção da Igreja São Miguel Arcanjo, restaurada em 2011. Existe uma outra edificação anterior na região de Itaiópolis, mas sem presença de sacerdote e feita junto com poloneses.
A carta de Pototskei menciona a chegada do padre, alguns meses antes, morada em sua própria residência, depois mobilização da comunidade, escolha do terreno, benção do local, início e conclusão da obra. Segundo o relato, “foram 55 dias felizes de construção”. Além de registrar, a edificação da Colônia Cinco, ser a “única Igreja Ucraniana no Brasil”. Referendando o dia 11 de abril de 1897 a consagração do templo.
Da redação com informações da Carta de Pototskei e imagem reprodução publicação do Centenário da Paróquia Sagrado Coração de Jesus.