O senador Sergio Moro (União-PR) lidera todos os cenários na disputa pelo governo do Paraná em 2026, ganhando de todos os adversários, conforme mostra pesquisa de intenção de votos do Instituto Opinião. Apesar da dianteira do ex-juiz da Operação Lava-Jato, a eleição no Paraná ainda revela um cenário com muitas indefinições, com índices de indecisão altos por parte dos eleitores.
A pesquisa contou com 1.250 entrevistas presenciais, nos maiores municípios do estado, entre os dias 7 e 10 de dezembro. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais e o nível de confiança de 95%. Nos cenários estimulados, Moro aparece na liderança com percentuais que variam entre 27% e 39%, a depender da composição da disputa. Requião Filho (PDT) ocupa a segunda posição, com índices entre 17% e 29%.
Entre os nomes ligados ao grupo do governador, o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Alexandre Curi (PSD), e o ex-prefeito de Curitiba Rafael Greca (PSD) são os que apresentam melhor desempenho, chegando a 16% das intenções de voto. Outro nome governista colocado como opção para a sucessão, o secretário estadual Guto Silva (PSD), aparece com apenas 4% em um dos cenários.
O sociólogo Arilton Freres, diretor do Instituto Opinião, diz que a sucessão estadual é um desafio para o campo governista. “A base do governador Ratinho Junior enfrenta dificuldades em encontrar um candidato competitivo para sucedêlo. Alexandre Curi e Rafael Greca são os nomes que aparecem melhor nas consultas, mas a transferência de votos em virtude do apoio de Ratinho vai depender de quem será o candidato”, afirma.
Apesar de liderar as pesquisas, Sergio Moro também concentra índices elevados de rejeição. Segundo o levantamento, 24% dos eleitores afirmam que jamais votariam no senador. Requião Filho aparece com rejeição ainda maior, de 28%. “O Moro aparece sempre na frente das pesquisas, mas tem uma rejeição alta e ainda enfrenta oposição dentro do União Brasil. Lideranças do partido já anunciaram que não vão lançá-lo ao governo, e o PP, que faz parte da federação, também já disse que não vai apoiá-lo”, afirma Freres.
Sociólogo analisa a possibilidade de Moro deixar o União Brasil
Freres acredita que Moro não perderia votos com mudança de partido. “O Moro tem uma densidade eleitoral muito grande no Paraná, muito pela força do nome que ele construiu no estado. Uma eventual saída do União Brasil para outro partido de direita, neste momento, não é determinante para alterar esses números”, diz.
Mas ele vê problemas, dependendo do partido. “O problema pode aparecer mais à frente, durante a campanha. Se ele for para um partido menor apenas para garantir a legenda e viabilizar a candidatura, pode faltar a musculatura política necessária para uma disputa ao governo estadual”, afirma Freres.
Apoio de Lula e Bolsonaro não garantem votos no Paraná
A influência das lideranças políticas também foi medida pela pesquisa. O apoio do governador Ratinho Junior a um candidato ao governo faria 35% dos eleitores votarem nesse nome, enquanto 48% afirmam que a decisão dependeria do candidato escolhido. Já o apoio do presidente Lula (PT) teria impacto positivo para apenas 17% do eleitorado, enquanto 53% afirmam que não votariam em um candidato apoiado por ele. O apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro influenciaria diretamente 27% dos eleitores, mas é rejeitado por 46%.
No cenário estimulado para a eleição presidencial de 2026, o governador Ratinho Junior lidera com folga no Paraná, somando 52% das intenções de voto. O presidente Lula aparece em segundo lugar, com 23%, seguido pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), com 11%. Ratinho Júnior é o único candidato que teria alguma chance de vencer Moro no Paraná, mas ele não pode se candidatar em 2026 na eleição estadual, por ter cumprido dois mandatos.
A avaliação do governo federal também é majoritariamente negativa no Paraná. De acordo com a pesquisa, 54% desaprovam a forma como o presidente Lula administra o país, enquanto 40% aprovam. A gestão é considerada ruim ou péssima por 40% dos entrevistados, índice superior ao dos que a classificam como ótima ou boa (32%).
Fonte: Revista Veja
