Cidadania

Resgate histórico conta história sobre a mansão Vila Hilda

22 de outubro de 2021 - Atualizado há 5 meses atrás
6 minutos de leitura

Por Redação 97

Resgate histórico conta história sobre a mansão Vila Hilda

Foto: Reprodução/PMPG

Um dos patrimônios culturais edificados mais importantes do município de Ponta Grossa, a Mansão Vila Hilda compõe a paisagem urbana da cidade e provoca algumas percepções emocionais, levando consigo toda a responsabilidade de um patrimônio.  Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, (apud SECULT – Secretaria de Estado da Cultura de Alagoas, 2021) “patrimônio cultural de um povo é formado pelo conjunto dos saberes, fazeres, expressões, práticas e seus produtos, que remetem à história, à memória e à identidade desse povo”.

O terreno onde se encontra a Mansão Vila Hilda foi adquirido para fins residenciais na década de 1920, por Alberto Thielen, filho do Coronel Henrique Thielen, imigrante alemão que firmou residência em Ponta Grossa no século XIX em decorrência das grandes mudanças sociais, econômicas e políticas provocadas pela Revolução Industrial na Europa. A arquitetura da residência é imponente, baseado no estilo da arte francesa neoclássica e da art-nouveau e conta em seu interior pinturas que retratam paisagens e motivos europeus, além de paisagens locais.

 Com 600 m² distribuídos em porão, pavimento térreo, sótão, torreão e mirante. Segundo Garbuio (2019) em seu artigo de mestrado, há relatos que Alberto Thielen solicitou, ao projetista da residência, que fosse inserido um mirante, para que pudesse observar a Cervejaria Adriática e, monitorar o seu funcionamento através da fumaça que saía de sua chaminé.

Henrique Thielen, tornou-se proprietário da cervejaria Grossel em Ponta Grossa, onde trabalhou quando ainda na adolescência e se instalou na cidade, posteriormente alterando o nome da cervejaria para Fábrica Adriática de Cervejas. Devido ao seu grande sucesso nos anos subsequentes, deu a família Thielen uma das principais frentes da industrialização do município. Foi nesse contexto que Alberto Thielen, juntamente com a sua esposa, Hilda Schust Thielen, e seus filhos, adquiriram o terreno situado entre a Rua Júlia Wanderley e Rua Cel. Dulcídio, próximo à altura da Rua Vicente Machado onde ficava a Cervejaria da família, local onde hoje em dia situa-se o Supermercado Condor do Calçadão.

Foto: Reprodução Google Maps

A imagem acima mostra a distância entre a Mansão Vila Hilda localizada na rua Júlia Wanderley, 936 – Centro, Ponta Grossa – PR, e a localização da antiga Fábrica Adriática de Cervejas de Henrique Thielen, Av. Dr. Vicente Machado, 160 – Centro, Ponta Grossa – PR. É possível notar a curta distância entre as duas localidades cerca de 10min andando.

Foto: Reprodução do Blog – História das Antigas Cervejarias

Em 1968, após a morte do proprietário e a transferência de residência de sua viúva para Curitiba/PR a edificação foi adquirida pela Prefeitura Municipal de Ponta Grossa em 1968, quando passou a sediar a Biblioteca Pública Municipal Professor Bruno Enei. Tombada em maio de 1990 como Patrimônio Histórico Artístico e Cultural do Paraná (PMPG, 2018). Atualmente funciona como Fundação Municipal de Cultura.

A CERVEJARIA

Após tornar-se proprietário, em 1906, Thielen alterou o nome da fábrica para Fábrica Adriática de Cervejas de Henrique Thielen, produzindo e vendendo cerveja, gelo, águas minerais e malte. Desde a fundação da empresa até 1911 era produzido duas qualidades de cerveja, uma clara e a outra escura, sendo ambas produzidas na forma de alta fermentação; após o ano de 1911, iniciou-se a produção em baixa fermentação, conseguindo produzir anualmente 6.000 hectolitros. Além das cervejas, foram produzidos gelos e águas minerais que na época, e ainda na atualidade, conquistam o paladar da população. Sendo elas: “Soda Limonada”, “Framboesa”, “Salus” e “Gengibirra”. Em 1928, inicia-se a fabricação de refrigerantes e engarrafamento de água mineral.

Em 02 de julho de 1919 foi constituída a Companhia Cervejaria Adriática S/A. Cerca de 120 operários trabalhavam na empresa, todos protegidos pelo seguro da Companhia Lloyd Industrial Sul Americano, quase exclusividade dessa empresa.

Foto: Reprodução do Blog – História das Antigas Cervejarias

     O FIM

Em 1973, devido ao processo de descentralização da Cervejaria Adriática e a criação da Companhia Sulina de Bebidas Antarctica, havendo participação das unidades de Joinville / SC e de Ponta Grossa/PR e Curitiba/PR. Infelizmente em 1992 chega ao fim a operacionalidade da unidade de Ponta Grossa. A demolição total ocorreu em 2005. Enterrando em novos concretos o início da história da cervejeira em Ponta Grossa.

Texto e pesquisa de Andressa Maria Sobczynski; Everson Santos Ferreira; Gabriele Garcia do Nascimento e Paula das Neves Batista, orientados pela Professora Doutora do departamento de geografia da UEPG, Karin Linete Hornes.

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