Chamou atenção, na região, a prisão preventiva de Beto Passos, prefeito de Canoinhas, seu vice, Renato Jardel Gurstinski (Pike), e outras 12 pessoas ontem terça-feira (29/03). Contudo é a 7ª fase da Operação Et Pater Filium com denúncias dos crimes de corrupção passiva, fraude a procedimentos licitatórios e embaraçamento de investigação. Outros, prefeito e ex-prefeito do Planalto Norte, também estão presos.
A 1ª fase da Operação Et Pater Filum foi deflagrada em 31 de julho de 2020. No mês seguinte, o então prefeito de Major Vieira, Orildo Severgnini, e seu filho Marcus Vinicius Brasil Severgnini foram presos. Pesou sobre ambos, conforme o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), a acusação de, por vários anos, terem praticado “condutas criminosas, com prejuízos milionários aos cofres públicos”.
O montante ficou na casa de R$ 6 milhões e, nas investigações, o subprocurador-geral de Justiça e Coordenador-Geral do Gaeco e do Geac, Fábio de Souza Trajano, citou contratos entre o município de Major Vieira e empresas investigadas, em um período de cinco anos, ultrapassando R$ 10 milhões. Severgnini exerceu cinco mandatos de prefeito e era presidente da Federação Catarinense de Municípios (FECAM) quando foi preso.
Ambos foram julgados e condenados, pai a mais de 50 anos de prisão e filho mais de 40, por crimes de organização criminosa, corrupção, fraudes à licitação e lavagem de dinheiro e ainda respondem a mais três ações penais decorrentes de outras fases da operação que tramitam tanto na Vara Criminal de Canoinhas quanto no Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Todas sob segredo de justiça e eles foram interrogados semana passada.
Em julho de 2021, foi a vez do prefeito de Bela Vista do Toldo, Adelmo Alberti, ser preso após ser flagrado, em vídeo, guardando um envelope com dinheiro debaixo das calças. Ele segue detido, com sucessão de recursos negados. A ação também do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) foi uma sequência, conforme o MPSC, do caso de Major Vieira.
No caso de Canoinhas, há indício de desdobramento das investigações com os prefeitos das cidades vizinhas, recaindo até possível delação frente a Beto Passos e Pike. Apesar de serem dados sigilosos, vazou e circula em grupos de WhatsApp, informações relacionadas ao caso. Desde veículo recebido de presente com origem, supostamente, em pessoa ligada a um grupo de comunicação local até compra de posto de gasolina.
As movimentações financeiras de Pike e o crescimento patrimonial de Beto Passos são outros elementos presentes no contexto da investigação. A operação envolve empresa de transporte coletivo, contrato de aluguel, dentre outras coisas. Tudo começou, lá em 2020, com auxílio do Grupo Especial Anticorrupção (Geac) após um indício aparecer por meio de um servidor do Departamento de Estradas e Rodagens do Paraná (DER).
Escutas telefônicas da Lava-Jato no Paraná levaram à operação em Major Vieira. Um funcionário do DER fez menção aos empresários Décio Pacheco e Décio Pacheco Junior. Dali a investigação sobre Orildo Severgnini e o filho, julgamento e condenação. Seguida do desdobramento e prisão do prefeito em exercício de Bela Vista do Toldo. O indicativo é da ligação de ambos os casos com Canoinhas.
Curiosamente, ocorreram na semana passada, dias 24 e 25 de março, os interrogatórios de Adelmo Alberti, Orildo Antônio Severgnini e seu filho na 6ª fase da operação Et Pater Filium (referência a duplas: pai e filho). Especula-se disso, alguma prova ou relato de Major Vieira ou Bela Vista do Toldo ter sido o estopim para a ação do Gaeco e Geac em Canoinhas e decreto de prisão cumpridos. Se isso se confirmar, pode configurar série histórica de crimes relacionados ou de modo operante similar.
Da redação com informações do MPSC e imagem de arquivo/divulgação/redes sociais
