Saúde

Paranaense vítima de acidente viraliza ao contar como teve parte do crânio guardada no abdômen

16 de setembro de 2024 - Atualizado há 3 meses atrás
7 minutos de leitura

Por P97

Paranaense vítima de acidente viraliza ao contar como teve parte do crânio guardada no abdômen

Foto: Reprodução/TikTok/@mansao044

O jovem João Victor da Silva Cristofoli, de 25 anos, de Toledo, oeste do Paraná, viralizou nas redes sociais ao contar que precisou ficar cerca de três meses com parte do crânio “guardada” na barriga. O procedimento médico foi necessário para a recuperação do paranaense após um acidente de monociclo em março.

João realizava entrega de produtos quando caiu do monociclo. Ele teve várias fraturas pelo corpo, entre elas, uma forte batida na cabeça, que causou um traumatismo craniano e inchaço do cérebro (edema cerebral).

Após a forte pancada, o jovem precisou passar por um procedimento onde parte do osso craniano, chamada pelos médicos de “calota craniana”, precisou ser cortada e depois recolocada na região do abdômen por três meses.

O paranaense compartilhou nas redes sociais vários vídeos mostrando todo o processo de recuperação. Foi ali que João percebeu que o ambiente digital pode ser tóxico, mas também um espaço de acolhimento, inspiração e informação para outras pessoas.

“As pessoas estavam torcendo muito pelo meu bem, sempre apoiando e curiosas sobre a cirurgia também. […] Eu fico feliz de mostrar pras pessoas que, se eu sobrevivi, e, se eu continuei batalhando, eu posso servir como fonte de inspiração para outras pessoas que passaram por algo semelhante.”

A neurocirurgiã Kelly Cristina Bordignon Gomes atendeu o jovem após o acidente e explica que fortes pancadas na cabeça, assim como em outras regiões do corpo, geram inchaço.

A diferença é que, na cabeça, as fraturas podem levar a lesões como o traumatismo craniano, que pode evoluir para edema cerebral – inchaço muito grande em um determinado lado do cérebro, “empurrando” todo o órgão para o outro lado do crânio, detalha.

Segundo a médica, em casos como o de João, após avaliação, é feita a remoção da “calota craniana” por meio de uma cirurgia chamada craniotomia descompressiva. O objetivo é reduzir a pressão craniana, já que o conjunto de ossos da cabeça não tem aberturas que permitam que o cérebro inche totalmente.

“Com a remoção da calota, esse cérebro que está inchado passa a ter espaço para comportar aquele inchaço, evitando que estruturas nobres se cerebrais, sejam danificadas”, explicou a médica.

Se parte do osso craniano não for removida, há risco de o paciente ter sérias lesões no cérebro, podendo até morrer.

A neurocirurgiã afirma que, após a retirada de parte do crânio, existem opções como guardá-la em bancos de ossos. Porém, a maior parte dos hospitais não tem essa estrutura. Por isso em muitos casos o osso é realocado no abdômen para ficar preservado de infecções e facilitar a reabsorção óssea quando for recolocado na cabeça.

“Ele não fica lá dentro da barriga, em contato com o intestino, enfim, bexiga, mas, sim, na parede abdominal em uma camada subcutânea onde tem pouco de gordura e o osso fica ali. A calota é grande, então não pode ser num lugar que tenha qualquer tensão da pele, não pode ser numa coxa”, explicou a médica.

A recolocação da ‘calota craniana’

Ilustração mostra como parte da calota craniana é cortada durante o procedimento — Foto: Reprodução/artigo científico “Wartime decompressive craniectomy: technique and lessons learned”

Após o acidente, João ficou nove dias em coma em um hospital de Toledo. Depois, foi para um quarto e, um mês após o acidente, teve alta hospitalar com parte do crânio no abdômen.

Para a recolocação do osso, o cérebro precisa estar completamente desinchado e o paciente em boas condições de saúde, entre outras avaliações feitas pelo neurocirurgião. No caso de João, foram necessários três meses.

“Foram feitos exames de tomografias computadorizadas para verificar como que o meu cérebro estava se comportando. Quando estava no momento certo, que não é uma regra ser três meses, podem ser seis meses, pode ser que talvez seja em menos, […] foi marcada a cirurgia em que foi tirado do meu abdômen e colocado de volta no meu crânio”, explicou o jovem.

A médica explica que na recolocação são usados pequenos parafusos para a fixação do osso novamente no crânio.

“É colocado esse osso no local e a gente coloca umas plaquinhas e uns parafusinhos, muito pequenos, de quatro milímetros de profundidade e esses parafuzinhos, junto com as plaquinhas fixam a calota, esse osso que foi retirado ao restante do crânio”, explicou a profissional.

A médica afirmou ainda que, em geral, o procedimento é satisfatório, mas que em caso de rejeição do osso, é possível fazer o preenchimento do local com prótese.

Matéria completa aqui G1

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