O Papa Francisco anunciou neste domingo, 09, que escolheu 21 novos cardeais, incluindo prelados de Jerusalém e Hong Kong – locais onde os católicos são uma pequena minoria -, enquanto continua a deixar sua marca no corpo de clérigos que selecionará seu sucessor.
O papa anunciou as escolhas durante habitual aparição semanal ao público na Praça de São Pedro, dizendo que a cerimônia para instalar formalmente os clérigos como cardeais será realizada em 30 de setembro.
Entre os escolhidos estão vários religiosos que ocupam ou estão prestes a assumir importantes cargos no Vaticano, incluindo o arcebispo de La Plata, Argentina, Victor Manuel Fernández, 59, a quem o papa acaba de nomear para liderar o poderoso escritório da Santa Sé para garantir a ortodoxia doutrinária e supervisionar processos de acusações de abuso sexual contra o clero em todo o mundo.
Os novos cardeais também incluem o bispo de Hong Kong, Stephen Sau-yan Chow, 64, e o principal funcionário do Vaticano no Oriente Médio, monsenhor Pierbattista Pizzaballa, 58, patriarca latino de Jerusalém.
Esses dois clérigos guiam rebanhos em áreas geopolíticas de grande interesse para o Vaticano.
No domingo, em comentários anteriores à leitura da lista de novos cardeais, o Papa Francisco expressou esperança de que as autoridades israelenses e palestinas iniciem um “diálogo direto” para acabar com a “espiral de violência” – uma referência aos recentes confrontos mortais na região.
Francisco citou repetidamente as dificuldades da minoria cristã no Oriente Médio nas últimas décadas.
Em entrevista em abril à Associated Press, Pizzaballa, um prelado italiano que é o principal clérigo católico da Terra Santa, disse que a comunidade cristã de 2.000 anos da região está sob ataque crescente, com o governo mais de direita na história de Israel encorajando extremistas que perseguem clérigos e vandalizaram propriedades religiosas em um ritmo acelerado.
Por décadas, o Vaticano e a China tiveram tensões alternadas com melhoras das relações, com a insistência da nação comunista de que tem o direito de nomear bispos e a prisão de padres que professavam lealdade ao papa.
No início deste ano, o bispo de Hong Kong, que, como Francisco, é jesuíta, fez a primeira visita à China continental em quase 30 anos de um religioso naquele cargo.
Ao anunciar seus nomes, Francisco disse que a nomeação de cardeais de todo o mundo “expressa a universalidade da Igreja, que continua a anunciar o amor misericordioso de Deus a todos os homens da Terra”.
Os cardeais servem como conselheiros do pontífice em questões de ensino e administração, incluindo as finanças atingidas por escândalos do Vaticano. Mas o dever mais importante destes religiosos é se reunir em um conclave secreto para eleger o próximo pontífice. Francisco nomeou vários grupos de novos cardeais em seu papado de 10 anos.
Isso significa que, cada vez mais, os homens que votarão em seu sucessor, em caso de renúncia ou morte, são clérigos que apoiam seus valores, prioridades e perspectivas.
Os últimos cardeais indicados por Francisco foram oficialmente confirmados no posto – conhecido informalmente como “príncipe da igreja” – em agosto de 2022.
Três dos clérigos escolhidos para receber trabalham na África, continente onde a Igreja experimentou crescimento nas últimas décadas. São eles: monsenhor Stephen Brislin, 66, arcebispo da Cidade do Cabo, África do Sul; monsenhor Protase Rugambwa, 63 anos, arcebispo coadjutor de Tabora, Tanzânia; e monsenhor Stephen Ameyu Martin Mulla, 59, arcebispo de Juba, no Sudão do Sul, que o papa visitou no início deste ano. O Sudão do Sul conquistou a independência do Sudão, de maioria muçulmana, em 2011, mas foi assolado por guerras civis e conflitos.
O cargo para o qual Francisco indicou Fernández é tradicionalmente chefiado por um cardeal. Mas a rapidez com que o arcebispo de La Plata foi escolhido publicamente como cardeal – oito dias após a nomeação – foi notável e destaca a atenção que o pontífice dá a esse cargo.
Um grupo com sede nos Estados Unidos, que rastreia como a hierarquia católica lida com alegações de abuso sexual por parte do clero, diz que Francisco fez uma escolha “preocupante” ao escolher o arcebispo argentino, que em 2019 se recusou a acreditar nas vítimas que acusaram um padre naquela arquidiocese de abusar sexualmente de meninos.
Entre outros cardeais nomeados estão religiosos de Lisboa, Portugal, que o papa visitará no mês que vem para um encontro de jovens católicos; Penang, Malásia; a ilha francesa da Córsega; Bogotá, Colômbia; e Lodz, Polônia.
Dezoito dos 21 novos cardeais têm menos de 80 anos e podem votar em um conclave.
Com informações da Banda B.