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“O amor me fez continuar”: conheça a história de Elder que teve sua vida transformada após um acidente

1 de agosto de 2023 - Atualizado há 5 meses atrás
9 minutos de leitura

Por Redação 97

“O amor me fez continuar”: conheça a história de Elder que teve sua vida transformada após um acidente

Foto: Reprodução de arquivo pessoal via BBC

Em pleno Natal de 2019, o comerciante Elder Souza celebrava uma nova fase da vida junto com a família. Ele e a esposa, Maira Lazarini, que estava de cinco meses na época, esperavam a chegada do primeiro filho do casal e queriam que os meses seguintes fossem de muita alegria e dedicação aos preparativos para o nascimento do bebê.

Porém, naquele dezembro, Elder, que hoje tem 29 anos, tinha se reunido com os familiares em um sítio no município de Bodoquena, no interior de Mato Grosso do Sul. Durante a tarde daquele 25 de dezembro, ele e os parentes foram para um rio da região.

“Quando cheguei no rio, notei que havia uma parte rasa e uma outra funda. Vi que o meu tio tinha pulado e caiu direto no fundo. Então, eu também queria pular direto na parte funda. Fui até um barranco próximo e corri para pegar impulso para saltar. Pulei de cabeça no rio. Bati a cabeça em um banco de areia e quase desmaiei. Senti tudo preto e na hora só pensei: não posso morrer, porque tenho o meu filho”

conta o comerciante.
Foto: Reprodução de arquivo pessoal via BBC

O rapaz comentou que os parentes pensaram, a princípio, que ele estava brincando quando não levantou da água. Porém, pouco depois, os familiares perceberam que algo estava errado.

Diante desse cenário, o cunhado de Elder, que tem experiência em resgates, retirou Elder da água. Em seguida, pegaram uma tábua, amarraram-no e o levaram para um lugar fora do rio, buscando por sinal para ligar para o Samu.

No hospital veio o diagnóstico que mudou a vida tanto de Elder e quanto de toda a família: os exames apontaram que ele havia sofrido uma grave lesão na medula e tinha perdido os movimentos abaixo do pescoço, ficando, então, tetraplégico.

Casos de pessoas que sofrem grave lesão na medula após mergulhar na água — seja em rio, mar, cachoeira ou piscina — não são considerados raros. Especialistas consideram que essa situação é recorrente. Inclusive, conforme a Sociedade Brasileira de Coluna (SBC), o mergulho em águas rasas é considerado uma das principais causas de lesão na coluna no país, principalmente durante o verão.

No hospital, Elder passou por uma cirurgia para fixação da coluna vertebral, contudo o neurocirurgião explicou que essa cirurgia não significa que o paciente irá retomar os movimentos. Depois da cirurgia, Elder notou que, assim como quando foi retirado da água, permanecia sem os movimentos dos braços e das pernas. Logo, foi informado que havia ficado tetraplégico.

Naquele momento, o rapaz, que se considerava aventureiro e amava viajar, começou a rever os objetivos para o futuro.

“Não é fácil. Eu não conseguia parar de pensar em como uma coisa tão simples tinha mudado a minha vida e no peso da palavra tetraplégico. Mas o amor da minha família me fez continuar.”

diz Elder.

Ele passou quase duas semanas no hospital. Ao receber alta, o comerciante passou cerca de três meses na casa dos pais. Depois, foi para a cidade em que mora com a esposa, 35 anos, em Nova Andradina (MS). E foi no retorno para casa que, segundo ele, “a ficha caiu”.

“O mundo desabou pra mim. Ali precisei encarar a realidade e depender de uma cuidadora, uma pessoa que não era da minha família, até mesmo para me alimentar. Eu só queria a minha esposa, mas ela não podia me ajudar tanto porque o nosso filho estava prestes a nascer”

relata Elder.
Foto: Reprodução de arquivo pessoal via BBC

Dia a dia na internet

O caso de Elder ficou famoso na metade de julho desse ano quando um vídeo feito por sua esposa viralizou no TikTok. Nele, ela mostra os cuidados que tem com o Elder, que tem mais de 1,90 m de altura, na hora de transferi-lo da cadeira de rodas para a cama.

Desde que os dois foram para as redes sociais e passaram a compartilhar o dia a dia, o casal conseguiu vários fãs que acompanham o progresso do tratamento de Elder e também as dificuldades de convívio deles com o diagnóstico.

“Todo mundo esperava que eu fosse compartilhar só o lado romantizado de ser casada com um tetraplégico: se idealiza muito a minha posição, como se eu fosse uma super-mulher. Mas é duro, é cansativo, às vezes dá vontade de desistir. No entanto, foi dividindo que acabei tocando o coração de outras mulheres passando pela mesma situação”

diz Maira.

Embora as dificuldades estejam presentes nas redes da família, também está a felicidade de cada pequena vitória, como os tratamentos que permitem a Elder, com auxílio de suportes, ficar em pé.

“Adoro a fisioterapia no dia que me colocam de pé. É uma sensação magnífica. A gente não agradece essa capacidade de se levantar e olhar as pessoas no olho, mas é muito gratificante enxergar a vida de cima. Não vejo a hora de poder voltar a ver o mundo assim. Creio em Deus e na ciência que um dia vamos chegar lá e conseguir fazer com que ser tetraplégico seja algo do passado”

conclui ele.

A vida como ela é

Atualmente, Elder retomou a rotina de trabalho na loja de roupas que tem junto com a esposa. Para as atividades do cotidiano, ele recebe o apoio de uma cuidadora, que o ajuda na higienização, troca de roupa e alimentação.

Todo o acompanhamento que ele recebe é feito de modo particular. A família considera que o custo com a recuperação dele é uma das maiores dificuldades. Para ajudar a custear os gastos, o casal costuma fazer diversas ações nas redes sociais, como rifas.

Apesar dos problemas, Elder considera que as dificuldades foram amenizadas pelo nascimento do filho, que hoje tem dois anos.

“Ele foi a luz no fim do túnel e a minha alegria. Depois do nascimento dele, aprendi a me adaptar melhor a essa nova realidade”

conta.
Foto: Reprodução de arquivo pessoal via BBC

Mesmo tendo ouvido que dificilmente conseguiria retomar plenamente os movimentos, Elder ainda tem esperança de que possa surgir um tratamento que possa ajudá-lo a voltar a andar.

Da redação do Portal 97 com informações de G1, Metrópoles e BBC News.

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