Histórias de Super Mães: Jessica Cordeiro e Márcia Cordeiro. História de amor e sacrifício
21 de maio de 2019
- Atualizado há 5 meses atrás
8 minutos de leitura
Por Redação 97
Duas mães, um amor incondicional e sacrifício. Hoje o Portal
Cultura Sul vai te mostrar a história da Márcia, que a partir de agora é uma
mãe avó, e da Jessica, sua filha, que sacrificou a vida para salvar a de sua
filhinha, Martina. Uma história emocionante de amor e altruísmo.
Márcia Regina Cordeiro Chaves, de 45 anos, é natural de São
Mateus do Sul. Casada há mais de 20 anos, ela conta que sempre quis ser mãe, e
que suas duas filhas foram sempre muito protegidas e amadas.
Toda a cidade ficou enlutada no ultimo dia 23, pela morte de
sua filha mais nova, Jessica Cordeiro, que faleceu devido a problemas
decorrentes do parto. Foi uma tragédia que comoveu pessoas de várias cidades,
conta Márcia. “a história dela repercutiu em vários Estados, pelo sacrifício
que ela fez pra salvar a Martina, pois ela sabia dos problemas de saúde que
tinha, sabia que sua vida estava em risco e mesmo assim não quis interromper a
gestação”.
Márcia conta que Jessica tinha problemas de saúde desde pequena,
e que após inúmeras consultas e exames, ela foi diagnosticada com Hipertensão
Pulmonar, decorrente de uma Cardiopatia
Congênita. Desde então, a família sempre soube que a saúde de Jessica era
delicada e que como não havia possibilidade de transplante ou cirurgia, o
tratamento deveria ser rigoroso. Ela tomava remédios continuamente e consultava
no Pequeno Príncipe a cada 3 meses.
Além do problema cardíaco e pulmonar, ela tinha Endometriose,
o que a impossibilitava de engravidar, segundo os médicos. Foi um milagre ela
ter engravidado, pois ela achava que ela nunca iria poder. Fazia 6 anos que
Jessica namorava com Diogo, e mesmo a gravidez não sendo planejada, os dois
ficaram muito felizes, relata Márcia.
“Os médicos aconselhavam ela pra não engravidar, eles diziam
pra ela adotar, né. Mas quando ela soube que estava grávida, ficou muito feliz
e achou que ia dar tudo certo, ela dizia ‘Se Deus mandou essa criança é porque
eu tenho que carregar’. Ela estava muito feliz”.
No começo da gravidez, ela já apresentava problemas, ficando
internada em algumas situações. Em várias dessas consultas, como no Pequeno
Príncipe e na Cruz Vermelha, os médicos indicaram o aborto, pois sua vida
corria risco. Mesmo ficando abalada com as coisas que ouvia, e após conversar
com o Diogo, seu companheiro, e sua família, ela decidiu que iria até o fim.
Ela estava serena o tempo todo, e dizia que se fosse pra
morrer, ela morreria pela sua filha, Martina.
Em consulta em São Mateus do Sul, foi observado que a
Martina não estava se mexendo, então ela foi para o Hospital das Clinicas no
dia 17 de abril, às pressas, onde foi realizado o parto, que a principio
estaria marcado pro dia 17 de maio (última sexta-feira).
O parto foi bem sucedido, Martina nasceu com vida e saúde, para a alegria de todos, porém Jessica ficou muito debilitada e sua saturação baixava muito. Ela chegou a ver a sua filhinha, e os médicos falavam que se ela melhorasse, eles trariam a Martina pra ela ver mais vezes. Porém, na segunda-feira de manhã, 5 dias após o parto, Jessica teve que ser encubada, e na madrugada do dia 23 de abril veio a falecer.
“Foi e está sendo muito difícil pra nós, a minha ficha
começou a cair agora, na verdade agora que está vindo a saudade de verdade”.
Jessica era menina amorosa, cheia de alegria. Ela tinha 24
anos, estava cursando o 9º período de Direito na UNC, e no outro ano se
formaria. Ela namorava com Diogo há 6 anos, os dois se conheciam desde o colegial
e agora faziam a graduação juntos. “Eles se davam muito bem, viviam juntos,
faziam tudo juntos. Ele vai ser um paizão, graças a Deus. É um homem muito bom,
não tenho palavras pra dizer”.
Jessica deu a sua vida para que Martina viesse ao mundo. Um
sacrifício que só quem ama verdadeiramente consegue entender. Ela no fundo
sabia que mesmo não podendo estar presente para ver sua filha crescer, Martina
estaria aos cuidados de pessoas muito amorosas, que dariam muito amor e
atenção.
Sua história repercutiu em todo o Brasil, pelo ato de
altruísmo dela. Mesmo sabendo que seria praticamente impossível viver uma
gestação, ela não desistiu de ser mãe.
Martina ainda está no Hospital e permanecera lá até pegar o
peso suficiente (cerca de 2,5kg). A família acredita que até a metade de junho
ela já será liberada. Diogo, seu pai, ganhou a licença maternidade e está com
ela o tempo todo. Martina está rodeada por pessoas que a amam muito.
Ela está crescendo bem, com saúde, e isso deixa a família
muito otimista com o futuro.
Márcia é uma mãe que vive dias de luto, e ainda não consegue
entender tudo o que aconteceu. Perder uma filha é a dor mais terrível, como ela
mesma contou. Mas em meio a todo esse luto e sofrimento, ela ganhou um
presente, deixado pela própria Jessica, pra iluminar a vida de todos. Ela disse
que só de pensar na Martina, já fica mais feliz.
Quando perguntada sobre seus sonhos para o futuro, Márcia
diz, emocionada, que deseja dar uma vida maravilhosa pra Martina, poder dar a
ela tudo aquilo que a Jessica gostaria de dar. Diz também, em tom de humor, que
deseja que sua neta seja parecida com a Jessica.
História de 2 mulheres, mães, unidas pelo amor e sacrifício.
Uma mãe que perdeu a filha e ganhou uma neta, e uma mãe que doou sua vida para
salvar a de sua filha.
“Valorize sua vida, sua mãe, sua filha. A gente nunca sabe
do dia de amanhã, então ame muito e aproveite cada segundo, pois só quem perde sabe
como dói”. Este é o recado deixado pela Super Mãe Avó Márcia.
A todas as mães que já sofreram perdas, o nosso imenso carinho e respeito. Que vocês possam ser confortadas através dessa história.
Da redação Portal Cultura Sul FM.
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