Hoje
vocês vão conhecer a história da Carmem Zakrzewski Dudas, uma mulher incrível,
dona de uma história inspiradora.
Ela tem
43 anos, é natural da comunidade de Água Branca, e desde os seu 20 anos, depois
de casar com o Valdemir Dudas, mora na cidade. Atualmente vive com sua família
na Vila Amaral.
Ela contou
que sempre quis ser mãe, que era um sonho pra ela e que demorou dois anos para
engravidar do Yuan Gustavo.
Mãe de um filho especial, ela conta que não soube na gestação que seu filho seria assim, e que demoraram cerca de um ano e meio para perceber que ele era um menino especial. Ela foi auxiliada pela direção da creche em que ele ficava e por amigos, a ir buscar ajuda médica para poder descobrir o diagnóstico do Yuan.
Ela então, foi a Curitiba no CRAID (Centro Regional de Atendimento Integrado ao Deficiente), recebendo a noticia de um psiquiatra que seu filho tinha déficit mental/intelectual. Ela continuou buscando tratamento para seu filho, na esperança de obter um diagnóstico diferente, pois até então não havia sido confirmado.
“No
começo eu sofri muito, não acreditava que aquilo estava acontecendo. Eu perguntava
pra Deus: Porquê comigo?”
Ela contou,
emocionada, que demorou pra compreender e aceitar a situação, mas que sempre
amou profundamente seu filho e que hoje agradece muito por tê-lo.
Hoje,
Yuan tem 17 anos e possui deficiência no sistema psicomotor, déficit de atenção
e epilepsia, portanto, ele tem dificuldades na coordenação motora e fala. Carmem conta que ele evoluiu ao longo do
tempo, e que hoje até consegue se alimentar sozinho, dependendo do alimento. Ele
adora bolacha, então foi aos poucos aprendendo a comer de forma autônoma. Isso foi
uma grande conquista pra família.
Carmem
diz que mesmo o seu filho tendo dificuldade na fala, ela consegue entender tudo
o que ele quer dizer, apenas com o olhar e os sinais que ao longo do tempo ele desenvolveu.
Ele
frequentou a educação regular até seus 15 anos, estudando em diversos colégios,
tendo também professores particulares.
“desde
os 5 anos, ele estava na escola particular e na Apae, ai veio uma lei que
proibia a criança de estudar em duas escolas ao mesmo tempo, ai eu tirei ele da
Apae (ele tinha 7 anos quando isso aconteceu) e deixei só na escola particular.
Mas depois de um tempo eu percebi que pra ele, tinha que ser a Apae, porque o
ensino é diferente, é especial”
Ela conta
que sente muita gratidão ao Colégio Odemira Cunha, da Vila Amaral, por todo o
esforço que fizeram para envolver o Yuan nas atividades escolares. “Na época, a diretora Célia chegou e falou
pra mim: `Olha Carmem, o Yuan vai ser um desafio aqui para nós, porque nós nunca
tivemos um aluno especial antes`. Mas eles adaptaram as coisas. Pra estudar
sobre meio ambiente, eles saiam pra fora pra ver folhas, árvores, pois sabiam
que ele gostava.”
Mesmo
com todo o apoio, adaptação e professores exclusivos, a mãe sabia que para o
filho, talvez a Apae fosse o melhor lugar.
Ela relata
que teve resistência na época e que não ficava feliz em deixar ele na Apae, mas
que como tudo na vida tem seu tempo, ela também, com o tempo, aceitou esse fato
e isso melhorou a vida tanto do Yuan quanto da família, pois ele melhorou muito,
indo lá.
Hoje
ele frequenta a Apae todos os dias, no período na tarde. Carmem não tem
palavras para agradecer a equipe que cuida de seu filho. “A Andreia, a Cris,
todo mundo, elas conhecem o Yuan desde pequeno. Só tenho a agradecer por tudo. Aquelas
apresentações do dia das mães, aquilo é muito lindo. Não importa se a criança
não fala ou anda, todos participam, ninguém fica de fora. O que elas fazem ali
na Apae é muito especial.”
Ela falou
sobre a falta de acesso e de lugares voltados às pessoas especiais. “Não tem um
parque, nenhuma academia, aula de natação para pessoas com deficiência. Eu queria
levar o Yuan pra fazer algo, mas não tem. Se não fosse a Apae, não teria nada.
No lazer e até mesmo em tratamento, São Mateus é falho”.
Ela sempre
trabalhou fora, como promotora de vendas, até que em certo momento ela foi demitida,
o que foi muito difícil pra família, porque seu filho nunca recebeu auxílio.
Porém
nesse momento, em meio ao desespero e a crise financeira, surgiu uma luz e ela
decidiu fazer pães pra vender. Já tinha o forno em casa, gostava de fazer pão,
então iniciou nesse empreendimento.
Hoje,
ela trabalha em casa e consegue conciliar o trabalho com essa “maternidade
especial”.
Ela convida
todos a conhecerem a Apae e diz que lá é uma lugar que precisa ser visitado e ajudado. “Se você está infeliz, vá visitar
uma Apae, vá ver o amor que existe lá, a pureza, a simplicidade daqueles seres.
É um ambiente que te faz mudar, dar mais valor pra vida e ser mais grato”
Ao final,
ela conta como é ser mãe de um menino especial. Conta que cada pequena coisa
que ele faz é uma conquista. “Só quem é mãe de especial sabe que a vida da
gente é uma loucura, você limpa a casa agora, mas depois eles vão tentar comer
sozinho e esparramam tudo, tudo vira uma bagunça em questão de segundos”
comenta em tom de humor.
Ela
fala com grande emoção sobre o seu filho, e conta que ele é muito amoroso com
ela, seu marido, e sua irmã mais nova, de 5 anos. “Ele é só amor”.
“Ser
mãe de uma criança especial é mostrar que o amor é mais forte do que qualquer
preconceito, e qualquer preconceito, é pequeno demais pelo amor que sentimos
pelos nossos filhos. Acredito que nada é por acaso. Como eles tem suas
dificuldades, tem suas vitórias. Só posso agradecer a Deus por meu filho, pois
Deus me deu ele porque considerou que eu era capaz de cuidar e atende-lo. Quantas
vezes eu chorei, as vezes até pensava: `Mas por quê?`, não queria acreditar.
Hoje agradeço a Deus, pois o Yuan é uma criança alegre e feliz, não há tristeza
no rosto dele. Só de ver a alegria no rosto dele já basta, isto vale a pena.”
Ser mãe
especial é aprender com eles assim como ensinamos, completa Carmen.
Carmen
é uma mulher, que há 17 anos sacrifica viagens, jantares com amigos e família,
e adaptou toda a sua vida para ver seu filho bem. Enfrenta o preconceito, a
falta de acesso e a solidão.
Carmen
é uma mulher forte e nunca perdeu a fé. Uma inspiração para todas as pessoas e
um exemplo de ser humano.
Carmen
é uma Super Mãe!
A todas
às mães especiais, que sentem-se representadas nessa história, um feliz mês das
mães, vocês são incríveis!
Da redação
Portal Cultura Sul FM.