Em São Mateus do Sul, Roberto Cardoso de 68 anos, é conhecido por sua dedicação aos animais de rua, que luta há mais de 15 anos para dar uma vida melhor aos cães abandonados da cidade. Em entrevista ao Portal P97, Roberto contou que enfrenta diariamente os desafios de manter mais de 20 cães, com recursos limitados e sem ajuda do poder público.
O início da jornada
A história de Roberto com os cães começou quando percebeu o crescente número de cães abandonados nas ruas da cidade, muitos deles machucados ou em situações precárias, como cadelas no cio, o que gerava ainda mais confusão nas vias públicas. “Era um caos, com mais de 30 cachorros circulando por aqui no centro da cidade, derrubando motoqueiros, criando problemas para a cidade”, lembra. Ele então, com o apoio de pessoas da comunidade, começou a recolher e cuidar desses animais, tentando proporcionar a eles um lugar seguro.
O trabalho de Roberto se intensificou quando ele e outros protetores da cidade lutaram pela implementação de programas de castração, com o apoio da promotoria e do então prefeito Luiz Adir. “Na época, conseguimos castrar muitos cães e, com o tempo, foram mais de 3.000 animais castrados. Hoje, com 20 cães sob meus cuidados, a luta continua”, afirma Roberto.
A difícil realidade de quem cuida sozinho
Apesar do esforço de Roberto, a realidade é dura. Ele não conta com apoio da prefeitura ou de outras entidades, além da ajuda ocasional de vizinhos e amigos, que contribuem com ração e cuidados básicos. “A castração começou a ser feita por obrigação, porque a promotoria pressionou, mas em termos de ajuda financeira ou infraestrutura, a prefeitura nunca me ajudou”, lamenta.
O custo mensal de alimentação para seus 20 cães chega a ser elevado, com Roberto precisando de cerca de 200 kg de ração, o que equivale a aproximadamente R$ 2.000 mensais. “Isso sem contar com remédios para vermes, sarna, pulgas… É uma despesa constante. Eu não posso deixar de tratar, porque vejo nos olhos deles a necessidade de cuidados”, conta.
Além disso, Roberto enfrenta sérios problemas de infraestrutura em sua propriedade. Ele reclama de uma obra de contenção do rio que nunca foi realizada, o que coloca em risco tanto sua casa quanto a segurança dos animais. “Faz 4 anos que estou pedindo à prefeitura para construir bocas de lobo e até agora nada”, desabafa.
Desafios diários e a falta de compreensão
O trabalho de cuidar dos animais é árduo e exige muito mais do que apenas comida e remédios. Roberto enfrenta uma luta constante para manter os cães seguros e longe de doenças. “Eles não são fáceis de cuidar. Cada cachorro tem suas necessidades e, no final, é muito mais trabalho do que as pessoas imaginam. Eles fazem bagunça, quebram coisas, mas não posso abandoná-los. É uma responsabilidade moral”, explica Roberto.
Ele também relata problemas com vizinhos que não compreendem o seu trabalho. “Já tive que me defender. Eu não estou pegando os cachorros para maltratar, só quero dar uma vida digna a eles”, disse.
O pedido de ajuda
Roberto aproveitou a entrevista pra fazer um apelo à comunidade. Ele está cuidando de um cachorro com uma lesão grave, que precisa de uma cirurgia. O veterinário, Vinícius, avaliou que o custo da operação é de R$ 350. “É uma carne esponjosa, não é câncer, mas precisa ser tratado. Se alguém puder ajudar, ficarei muito grato”, diz Roberto, que também pede doações de ração ou qualquer tipo de ajuda para continuar com o seu trabalho.
Além disso, ele desabafa sobre o desgaste de cuidar sozinho de tantos animais e pede que a população ajude a cuidar dos animais em vez de apenas abandoná-los nas ruas.
Contato
Roberto Cardoso deixou seu número de telefone para quem puder ajudar: (42) 9 9840-6985. “Se alguém puder doar ração, ajudar com a cirurgia ou mesmo dar apoio, será de grande ajuda. Não posso fazer tudo sozinho”, finaliza.