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Histórias de Super Mãe: Carmen, Mãe de um filho especial

14 de maio de 2019 - Atualizado há 5 meses atrás
8 minutos de leitura

Por Redação 97

Histórias de Super Mãe: Carmen, Mãe de um filho especial

Hoje vocês vão conhecer a história da Carmem Zakrzewski Dudas, uma mulher incrível, dona de uma história inspiradora.

Ela tem 43 anos, é natural da comunidade de Água Branca, e desde os seu 20 anos, depois de casar com o Valdemir Dudas, mora na cidade. Atualmente vive com sua família na Vila Amaral.

Ela contou que sempre quis ser mãe, que era um sonho pra ela e que demorou dois anos para engravidar do Yuan Gustavo.

Mãe de um filho especial, ela conta que não soube na gestação que seu filho seria assim, e que demoraram cerca de um ano e meio para perceber que ele era um menino especial. Ela foi auxiliada pela direção da creche em que ele ficava e por amigos, a ir buscar ajuda médica para poder descobrir o diagnóstico do Yuan.

Ela então, foi a Curitiba no CRAID (Centro Regional de Atendimento Integrado ao Deficiente), recebendo a noticia de um psiquiatra que seu filho tinha déficit mental/intelectual. Ela continuou buscando tratamento para seu filho, na esperança de obter um diagnóstico diferente, pois até então não havia sido confirmado.

“No começo eu sofri muito, não acreditava que aquilo estava acontecendo. Eu perguntava pra Deus: Porquê comigo?”

Ela contou, emocionada, que demorou pra compreender e aceitar a situação, mas que sempre amou profundamente seu filho e que hoje agradece muito por tê-lo.

Hoje, Yuan tem 17 anos e possui deficiência no sistema psicomotor, déficit de atenção e epilepsia, portanto, ele tem dificuldades na coordenação motora e fala.  Carmem conta que ele evoluiu ao longo do tempo, e que hoje até consegue se alimentar sozinho, dependendo do alimento. Ele adora bolacha, então foi aos poucos aprendendo a comer de forma autônoma. Isso foi uma grande conquista pra família.

Carmem diz que mesmo o seu filho tendo dificuldade na fala, ela consegue entender tudo o que ele quer dizer, apenas com o olhar e os sinais que ao longo do tempo ele desenvolveu.

Ele frequentou a educação regular até seus 15 anos, estudando em diversos colégios, tendo também professores particulares.

“desde os 5 anos, ele estava na escola particular e na Apae, ai veio uma lei que proibia a criança de estudar em duas escolas ao mesmo tempo, ai eu tirei ele da Apae (ele tinha 7 anos quando isso aconteceu) e deixei só na escola particular. Mas depois de um tempo eu percebi que pra ele, tinha que ser a Apae, porque o ensino é diferente, é especial”

Ela conta que sente muita gratidão ao Colégio Odemira Cunha, da Vila Amaral, por todo o esforço que fizeram para envolver o Yuan nas atividades escolares.  “Na época, a diretora Célia chegou e falou pra mim: `Olha Carmem, o Yuan vai ser um desafio aqui para nós, porque nós nunca tivemos um aluno especial antes`. Mas eles adaptaram as coisas. Pra estudar sobre meio ambiente, eles saiam pra fora pra ver folhas, árvores, pois sabiam que ele gostava.”

Mesmo com todo o apoio, adaptação e professores exclusivos, a mãe sabia que para o filho, talvez a Apae fosse o melhor lugar.

Ela relata que teve resistência na época e que não ficava feliz em deixar ele na Apae, mas que como tudo na vida tem seu tempo, ela também, com o tempo, aceitou esse fato e isso melhorou a vida tanto do Yuan quanto da família, pois ele melhorou muito, indo lá.

Hoje ele frequenta a Apae todos os dias, no período na tarde. Carmem não tem palavras para agradecer a equipe que cuida de seu filho. “A Andreia, a Cris, todo mundo, elas conhecem o Yuan desde pequeno. Só tenho a agradecer por tudo. Aquelas apresentações do dia das mães, aquilo é muito lindo. Não importa se a criança não fala ou anda, todos participam, ninguém fica de fora. O que elas fazem ali na Apae é muito especial.”

Ela falou sobre a falta de acesso e de lugares voltados às pessoas especiais. “Não tem um parque, nenhuma academia, aula de natação para pessoas com deficiência. Eu queria levar o Yuan pra fazer algo, mas não tem. Se não fosse a Apae, não teria nada. No lazer e até mesmo em tratamento, São Mateus é falho”.

Ela sempre trabalhou fora, como promotora de vendas, até que em certo momento ela foi demitida, o que foi muito difícil pra família, porque seu filho nunca recebeu auxílio.

Porém nesse momento, em meio ao desespero e a crise financeira, surgiu uma luz e ela decidiu fazer pães pra vender. Já tinha o forno em casa, gostava de fazer pão, então iniciou nesse empreendimento.

Hoje, ela trabalha em casa e consegue conciliar o trabalho com essa “maternidade especial”.

Ela convida todos a conhecerem a Apae e diz que lá é uma lugar que precisa ser visitado e  ajudado. “Se você está infeliz, vá visitar uma Apae, vá ver o amor que existe lá, a pureza, a simplicidade daqueles seres. É um ambiente que te faz mudar, dar mais valor pra vida e ser mais grato”

Ao final, ela conta como é ser mãe de um menino especial. Conta que cada pequena coisa que ele faz é uma conquista. “Só quem é mãe de especial sabe que a vida da gente é uma loucura, você limpa a casa agora, mas depois eles vão tentar comer sozinho e esparramam tudo, tudo vira uma bagunça em questão de segundos” comenta em tom de humor.

Ela fala com grande emoção sobre o seu filho, e conta que ele é muito amoroso com ela, seu marido, e sua irmã mais nova, de 5 anos. “Ele é só amor”.

“Ser mãe de uma criança especial é mostrar que o amor é mais forte do que qualquer preconceito, e qualquer preconceito, é pequeno demais pelo amor que sentimos pelos nossos filhos. Acredito que nada é por acaso. Como eles tem suas dificuldades, tem suas vitórias. Só posso agradecer a Deus por meu filho, pois Deus me deu ele porque considerou que eu era capaz de cuidar e atende-lo. Quantas vezes eu chorei, as vezes até pensava: `Mas por quê?`, não queria acreditar. Hoje agradeço a Deus, pois o Yuan é uma criança alegre e feliz, não há tristeza no rosto dele. Só de ver a alegria no rosto dele já basta, isto vale a pena.”

Ser mãe especial é aprender com eles assim como ensinamos, completa Carmen.

Carmen é uma mulher, que há 17 anos sacrifica viagens, jantares com amigos e família, e adaptou toda a sua vida para ver seu filho bem. Enfrenta o preconceito, a falta de acesso e a solidão.

Carmen é uma mulher forte e nunca perdeu a fé. Uma inspiração para todas as pessoas e um exemplo de ser humano.

Carmen é uma Super Mãe!

A todas às mães especiais, que sentem-se representadas nessa história, um feliz mês das mães, vocês são incríveis!

Da redação Portal Cultura Sul FM.

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