O Ministério da Saúde atualizou o panorama nacional dos casos de intoxicação por metanol após consumo de bebidas alcoólicas adulteradas. Agora, são 11 casos confirmados e 48 notificações em investigação, conforme balanço divulgado pela pasta.

Situação alarmante

Para intensificar o monitoramento e a resposta ao surto, o Ministério instalou uma Sala de Situação para acompanhar os desdobramentos e coordenar as medidas com estados e municípios.

Até o momento, o Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) contabilizou 59 notificações, entre casos suspeitos e confirmados. Desses, 11 já foram validados com exames laboratoriais que comprovaram a presença de metanol.

Em São Paulo, já há um óbito confirmado por intoxicação. Outros sete falecimentos estão em investigação — cinco em São Paulo e dois em Pernambuco.

Medidas em curso

Para enfrentar o surto, o governo anunciou a compra emergencial de 5 mil tratamentos, totalizando 150 mil ampolas de etanol farmacêutico para uso como antídoto. Parte desse estoque já foi enviada a hospitais universitários federais e unidades do SUS.

O Ministério da Saúde também fez um chamamento público para aquisição do fomepizol, medicamento específico para intoxicações por metanol, atualmente indisponível no Brasil. Um pedido de doação foi encaminhado à Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), enquanto negociações estão em andamento para a compra de mais unidades.

Outra medida foi o envio de uma nota técnica a estados e municípios exigindo a notificação imediata de casos suspeitos, mesmo antes da confirmação laboratorial, para ampliar a vigilância e acelerar a resposta.

Recomendações à população

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, orientou a população a evitar bebidas de origem duvidosa, especialmente destilados incolores sem rótulo ou selo fiscal.

Em caso de consumo com sintomas como visão turva, náuseas, vômitos ou alterações visuais — que costumam surgir entre 12 e 24 horas após a ingestão — a recomendação é procurar atendimento médico imediato.

Desafios e riscos

Esse episódio é considerado atípico, já que o Brasil costuma registrar cerca de 20 casos por ano de intoxicação por metanol. O número atual de notificações representa uma emergência sanitária, com risco elevado de danos graves, como cegueira, falência de órgãos e morte.

A atuação conjunta entre Ministério da Saúde, Anvisa, autoridades estaduais e forças de segurança será fundamental para retirar bebidas adulteradas de circulação e prevenir novos casos.