Um levantamento, realizado a pedido da equipe do Portal P97 e com base em dados oficiais da Polícia Rodoviária Federal (PRF), revela um cenário alarmante no trecho da BR-476, entre os quilômetros 228 e 359. Esse trecho abrange os municípios de São Mateus do Sul, Paulo Frontin, Paula Freitas e União da Vitória. Entre 2020 e abril de 2025, a rodovia registrou 604 acidentes, dos quais 208 foram classificados como graves e 73 resultaram em mortes. Durante o mesmo período, 86 pessoas perderam a vida e outras 640 ficaram feridas. A rodovia, que deveria representar um corredor de desenvolvimento e integração regional, tornou-se, na prática, um símbolo de dor e insegurança.
ESTATÍSTICAS DE SINISTRALIDADE POR ANO DE 2020 A 2025 BR-476 ENTRE KM 228 E 359 FONTE: SISTEMA LPAT PRF |
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PARÂMETRO | ANO | |||||
2020 | 2021 | 2022 | 2023 | 2024 | 2025* | |
Total Acidentes | 163 | 119 | 101 | 99 | 102 | 20 |
Acidentes graves | 53 | 38 | 31 | 44 | 33 | 9 |
Acidentes com vitima morta | 17 | 17 | 12 | 15 | 9 | 3 |
Pessoas Feridas | 146 | 109 | 112 | 113 | 124 | 36 |
Pessoas Mortas | 19 | 20 | 13 | 15 | 12 | 7 |
*Dados consolidados até 07/04/2025
- Fotos: P97
- Fotos: P97
Trechos mais perigosos, segundo o relatório da PRF
Segundo os dados repassados pela PRF à equipe do Portal P97, a maior concentração de acidentes ocorre em trechos urbanos ou de entroncamento rodoviário. Destaque para os seguintes pontos críticos:
- Km 234 a 236
- Km 245 a 247
- Km 266 a 270
- Km 300 a 305
O relatório repassado à equipe do Portal P97 revela informações importantes sobre os horários e dias com maior incidência de acidentes. A análise temporal aponta que os acidentes graves se concentram entre 16h e 20h, especialmente no entardecer e início da noite, quando as condições de visibilidade são reduzidas. Além disso, os fins de semana, especialmente os sábados e domingos, lideram o ranking de dias mais letais, o que está relacionado ao maior fluxo de veículos devido a viagens intermunicipais e atividades de lazer.

Fotos: P97
Os dados apresentam ainda: Tipos de acidentes que mais mataram na BR-476
Entre os tipos de acidentes, a colisão frontal é, disparadamente, a mais comum e letal sendo 56 delas, seguida dos acidentes tipo saída de pista que foram 49; colisão traseira, 29; colisão transversal, 22; e colisão lateral em sentido oposto com 21 ocorrências.
Esses cinco tipos juntos são responsáveis por quase todos os registros de óbitos na rodovia. Só as colisões frontais mataram 20 pessoas no período analisado.
Outros tipos de acidentes, como tombamentos, capotamentos e atropelamentos, ocorrem com menor frequência, mas também geram vítimas graves. Além disso, foram registrados casos de incêndios veiculares, engavetamentos e quedas de ocupantes, embora em número reduzido.
Panorama por ano
O número total de acidentes vem caindo desde 2020, mas os dados parciais de 2025 já indicam uma tendência preocupante, com 20 acidentes registrados em apenas três meses. Confira o histórico:
Ano | Total de Acidentes | Acidentes Graves | Mortes | Feridos |
2020 | 163 | 53 | 19 | 146 |
2021 | 119 | 38 | 20 | 109 |
2022 | 101 | 31 | 13 | 112 |
2023 | 99 | 44 | 15 | 113 |
2024 | 102 | 33 | 12 | 124 |
2025* | 20 | 9 | 7 | 36 |
Total | 604 | 208 | 73 | 640 |
*Dados de 2025 consolidados até 7 de abril.
- Foto: P97
- Foto: P97
Um retrato da tragédia evitável
As estatísticas com os dados fornecidos pela PRF são claras: a BR-476 precisa de atenção imediata. A ausência de investimentos e a negligência histórica colocam diariamente em risco motoristas, motociclistas e pedestres. As mortes não são apenas números, mas sim histórias interrompidas, famílias destruídas e comunidades em luto.
O trecho entre São Mateus do Sul e União da Vitória clama por duplicação, obras estruturais e políticas públicas firmes. Mobilizações da sociedade civil, como a programada para este sábado (12), no trevo de Paulo Frontin, reforçam o grito por segurança. A rodovia não pode continuar sendo sinônimo de insegurança e abandono.