Uma adolescente indígena Jessicléia Martins, de 17 anos, foi morta a facadas. O crime aconteceu em Guaíra, no Oeste do Paraná, na noite da última quarta-feira (19). O autor do crime, segundo a polícia, é um idoso de 67 anos, que afirmava ter um relacionamento com a jovem. Ele foi preso em flagrante.
Testemunhas afirmam que Jossicléia vinha, há alguns meses, sendo assediada pelo suspeito, que se dizia amigo da família. A jovem, no entanto, negava-se a manter qualquer tipo de relacionamento afetivo com ele, o que teria motivado o crime.
“Ele estava parado na frente da casa dela há uns 20 minutos observando e desceu do carro quando ela estava sozinha com uma faca na mão” conta uma das testemunhas.
A comunidade solicitou atendimento à vítima, que após cerca de 30 minutos foi assistida pelo Samu. Jessicléia, no entanto, não resistiu.
O suspeito foi localizado e detido na Zona Rural e, posteriormente, encaminhado à Delegacia da Polícia Federal. A prisão foi resultado de uma ação colaborativa entre a Polícia Federal, a Força Nacional, a Polícia Rodoviária Federal, a Polícia Militar e a Guarda Municipal de Guaíra. Ele foi indiciado por feminicídio.
A Polícia Científica foi responsável pelo recolhimento do corpo da jovem. Após a realização dos exames necessários e a devida identificação, o corpo foi liberado para os familiares.
Localizado dentro da TI Tekoha Guasu Guavirá, o tekoha Yvy Okaju, onde vivia Jessicléia, tem sido alvo de constantes ataques de fazendeiros locais. O último ocorreu no dia 31 de dezembro do ano passado. Apesar disso, a polícia descartou que isso teria motivado o crime.
Conselho repudia crime
Em nota publicada, o Conselho Indigenista Missionário repudiou o crime e disse que a situação de conflito na região, gerada pela falta de providência do Estado no processo de demarcação do território, tem exposto a comunidade indígena às mais diversas formas de violência.
“O racismo, associado à misoginia e ao machismo, compõem o cotidiano dessas comunidades onde a lógica é eliminar o outro através do abuso, do assédio, da exploração sexual e da morte mais cruel” afirmaram os missionários do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Sul que acompanham os conflitos na região.
Fonte: BandaB