A estudante que foi alvo de deboche de três colegas de turma em uma universidade particular de Bauru (SP) pelo fato ter mais de 40 anos de idade afirmou que não vai desistir de cursar biomedicina.
Ao g1, Patrícia Linares, que completa 45 anos nesta terça-feira (14), contou que adiou o sonho de estudar por muito tempo, mas agora, finalmente conseguiu realizá-lo.
“É um sonho de adolescência que nunca pude realizar porque tive várias interrupções de estudo. E agora também não vou desistir, o sonho não morreu dentro de mim”
afirma.
Na última sexta-feira (10), uma publicação no Twitter, com mais de sete milhões de visualizações, mostrou as três universitárias debochando dela pelo fato de ela ter “40 anos” e, supostamente, “velha para estudar”.
O vídeo viralizou nas redes sociais, causando indignação em todos devido ao etarismo presente nas falas das jovens estudantes. Em determinado momento, uma das meninas chega a dizer que Patrícia deveria “estar aposentada”
“Uma colega veio me dizer que fizeram um vídeo caçoando da minha idade, e aí ela me mostrou o vídeo. Como eu estava com muito medo do trabalho, até porque é algo novo para mim, eu comecei a chorar”
relembra.
A tristeza inicial, no entanto, logo foi substituída pela rede de apoio encontrada após a repercussão do caso. Na sexta-feira, colegas de curso encontraram Patrícia e se mostraram revoltados com a demonstração de preconceito contra ela. O grupo prestou solidariedade e entregou cartas, flores e chocolates.

Dentre os inúmeros caminhos que a educação pode proporcionar, o único pelo qual Patrícia diz não querer percorrer é o da desistência. Por isso, mesmo em meio à polêmica, retornou às aulas na segunda-feira (13).
“A minha mãe me falava uma frase que era assim: os sonhos são pedacinhos de amor que Deus coloca em nós para um dia a gente concretizá-lo’, e eu sei que eu vou concretizá-lo”
complementa.
Universitárias que debocharam
Segundo a universidade, foi instaurado um processo disciplinar e, durante a análise, as três estudantes solicitaram a desistência do curso. “Dessa forma, o processo perdeu o objeto e por isso foi finalizado”, afirma a instituição em nota.