Irati, no Centro-Sul do Estado, recebeu nesta sexta-feira (27) a última das sete audiências públicas do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da Nova Ferroeste, parte do processo de emissão da Licença Prévia Ambiental pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). As discussões reuniram 264 participantes, 125 presenciais e 139 virtuais. Em Guarapuava, na noite de quinta-feira (26), foram 219 participantes (106 presenciais e 113 virtuais).
Uma equipe formada por seis técnicos do Ibama também dedicou os dias das audiências no Centro-Sul e na Região Central às vistorias dos locais indicados no traçado da Nova Ferroeste. Eles visitaram pequenas propriedades rurais e conversaram com moradores locais.
O município de Irati conhece bem a rotina com os trilhos por conta da passagem da Malha Sul, vinda do Norte do Estado em direção ao Litoral. Com a Nova Ferroeste, a região vai receber uma segunda linha, que vai passar por áreas mais afastadas do município. Em Guarapuava, também acostumada com a atual Ferroeste, o traçado vai respeitar o plano diretor e as projeções da administração municipal.
Nas duas cidades os questionamentos priorizaram os pontos exatos do trajeto proposto, bem como dúvidas sobre desapropriação e indenização das propriedades localizadas no caminho. O traçado apresentado ainda está na fase preliminar e pode sofrer alterações. No site da Nova Ferroeste há um link sobre a proposta.
As desapropriações e valores de indenização serão discutidos entre o dono e a empresa/consórcio que for construir e explorar a futura estrada de ferro. Esse processo fará parte de um programa específico e será acompanhado pelo Ibama. Na fase de Licença de Instalação, a empresa que for executar a obra vai realizar o levantamento detalhado de cada propriedade ao longo do empreendimento e será avaliada a possibilidade de pequenos desvios.
Um dos pontos de maior atenção nesta etapa final das audiências também foi a Serra da Esperança, que está em Área de Proteção Ambiental. Transpor esse local será um grande desafio de engenharia, assim como a Serra do Mar, pela geografia acidentada e biodiversidade. Dos 42 quilômetros de trilhos previstos para este trecho, nove serão constituídos por túneis e viadutos para diminuir o impacto sobre a mata nativa.
AUDIÊNCIAS – A sequência de audiências teve início em Dourados, no Mato Grosso do Sul, no dia 16 de maio. Desde lá 3.040 participantes, remota ou presencialmente, acompanharam os debates acerca da proposta do Governo do Estado. As reuniões foram transmitidas em tempo real em um site criado especialmente para as audiências.
Questionamentos, comentários e sugestões sobre o tema ainda podem ser registrados até o dia 12 de junho no e-mail da Coordenação de Licenciamento Ambiental de Transportes ([email protected]) ou da Diretoria de Licenciamento Ambiental ([email protected]) do Ibama.
O projeto prevê a criação de um grande corredor de exportação para transportar grãos e proteína animal, além de outros produtos, ligando Maracaju (MS) ao Porto de Paranaguá, no Litoral. Cargas vindas do Paraguai e da Argentina também devem escoar pelo Porto de Paranaguá com a construção de um ramal entre Cascavel e Foz do Iguaçu. Ao todo, a Nova Ferroeste vai cruzar o limite de 41 cidades do Paraná e oito do Mato Grosso do Sul.
O Estudo de Impacto Ambiental foi realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e envolveu o trabalho de profissionais em campo durante quase um ano de coleta de dados. Foram avaliadas as condições do solo, das rochas e cavernas. Bacias hidrográficas e nascentes foram mapeadas e amostras da água analisadas.
A instalação do modal terá impacto na melhoria da qualidade do ar. A conta simples prevê que um trem com 100 vagões substitui 357 caminhões, ambos com capacidade aproximada de 100 toneladas de carregamento. Outra preocupação é com a redução dos conflitos urbanos. A orientação é para que os trechos da ferrovia evitem cruzar as cidades.
AEN